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Ferrovia em funcionamento
Em Mateus Leme, a ferrovia ainda desempenha um papel essencial no transporte de cargas, com trabalhadores dedicados à manutenção dos trilhos e operações logísticas diárias.

Oh, o trem! Peguem seus bilhetes que o trem já vem se aproximando! Sou o Sr. Ferreira, o chefe da Estação de Mateus Leme...

– Senhor Ferreira

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Os Tipos de locomotivas

O barulho das locomotivas é inesquecível para aqueles que viveram o dia a dia da ferrovia. Sons que transportam mentes e corações para espaços e tempos carregados de histórias. Ao longo dos anos, diversos tipos de trens e vagões trilharam os caminhos de Mateus Leme. A maria-fumaça, o trem pagador, a locomotiva elétrica e a locomotiva a diesel, são exemplos de máquinas que ficaram na lembrança de muitos. Havia o trem misto que passava carregando passageiros e cargas, o trem noturno que passava à noite carregando apenas passageiros e o trem de carga, que trazia e levava os mais variados tipos de produtos. Nos trens de carga havia um vagão de despacho em que as mais variadas mercadorias eram despachadas para as localidades próximas.

“Uma parte da Estação era usada para receber mercadorias que iam daqui para Belo Horizonte e outros lugares. Tinha o dia do trem cargueiro e qualquer um podia embarcar nele se quisesse levar para BH porcos, galinhas, vacas, bezerros, milho, arroz, feijão, banana, ou seja, de tudo! Havia uma balança para pesar tudo.”

Maria Aparecida Rios, filha de ferroviário e antiga moradora do Horto da Liberdade.

Maria-fumaça

As locomotivas mudaram muito com o tempo. Primeiro, tínhamos a maria-fumaça, feita de ferro, geralmente pintada na cor preta e movida a vapor. De maneira simplificada, ela funciona assim: a madeira é queimada em uma fornalha, gerando calor. Esse calor é transferido para uma caldeira onde ficava a água. Quando a água é aquecida, se transforma em vapor. Esse vapor, ao se acumular no domo, cria uma pressão que depois é liberada. A força dessa liberação movimenta os cilindros, impulsionando a máquina e permitindo que ela se mova. Assim, era preciso muita madeira e água para fazê-la andar; por isso várias estações tinham estoque de lenha e uma caixa-d’água para “dar de beber” à maria-fumaça.

Locomotiva elétrica

A máquina a vapor foi substituída pelas locomotivas elétricas. Em 1953, a linha que ligava Belo Horizonte a Divinópolis foi eletrificada. Ao longo dela foram colocados postes com fios que entravam em contato com um tipo de gancho preso à locomotiva. A energia usada nessa linha vinha da Usina do Gafanhoto. No dia 7 de janeiro de 1953 a primeira máquina fez testes, percorrendo o caminho de Divinópolis até Azurita.

Locomotiva diesel-elétrica

No ano de 1982 foi retirada a eletrificação das linhas ferroviárias e passou-se a utilizar uma máquina diesel-elétrica, por serem consideradas mais econômicas. Nesse tipo de máquina, o motor principal, movido a diesel, aciona um gerador elétrico. Esse gerador produz a eletricidade usada para alimentar os motores que giram as rodas da locomotiva. Não há conexão direta entre o motor a diesel e as rodas da locomotiva. Basicamente, é como se a locomotiva fosse um veículo híbrido, possuindo sua própria fonte de energia, projetada para funcionar em locais onde não há eletrificação ferroviária. Os componentes essenciais desse sistema elétrico incluem o motor a diesel, o gerador principal (que atualmente é um alternador), os motores que impulsionam as rodas e um sistema de controle, que inclui um regulador para motor a diesel, um regulador de carga e interruptores para os motores de tração. Em termos simples, a eletricidade gerada pelo alternador é direcionada aos motores que movem as rodas, e isso é feito por meio de engrenagens de redução que conectam os motores às rodas.

Trem pagador

Utilizado principalmente durante o século 20 para transportar dinheiro e pagar os funcionários de empresas ferroviárias, mineradoras e outras indústrias. Esses trens eram essencialmente cofres móveis, equipados com segurança reforçada para proteger o dinheiro transportado. Ele seguia um itinerário predefinido, parando em estações e locais de trabalho ao longo da linha ferroviária.

A existência dos trens pagadores foi crucial em épocas e locais onde a infraestrutura bancária era limitada ou inexistente. Esse sistema garantiu que os trabalhadores recebessem seus salários de maneira eficiente e segura, minimizando o risco de roubos e atrasos. Com o avanço das tecnologias bancárias e o surgimento de métodos eletrônicos de pagamento, o uso dos trens pagadores foi gradualmente descontinuado.

Nicho Central

“Eu ainda sonho que eu estou trabalhando com meus companheiros. Tem dia que a mulher fala que eu dou pulo na cama. Eu tenho tristeza. A companheirada era tudo boa.”

Cícero Pereira de Souza, ferroviário aposentado.

Cápsula do tempo

Se pudéssemos voltar à época em que existia o trem de passageiros, em Mateus Leme, e pedir às pessoas para guardarem um objeto ou lembrança em uma cápsula do tempo, o que será que elas guardariam? Alguns itens realmente foram guardados. E aqui apresentamos bilhetes de trem, carteiras de passe-livre e memórias tão vívidas que se transformaram em objetos.

Álbum de fotos Paulo Rocha

“Paulo Rocha foi repórter, agente e chefe de Estação. Começou sua vida profissional como repórter da Rede Globo, mas de acordo com suas filhas, se envolveu em uma confusão logo no início da carreira. Seu pai, que era ferroviário, o levou para trabalhar na Rede Ferroviária. Paulo trabalhou na Rede por 34 anos: começou como Agente de Estação, depois ascendeu a Chefe de Estação. Passou por diversas cidades, inclusive pela Estação Central de Belo Horizonte, onde trabalhou durante seis anos na organização de arquivos. Depois disso, ele chefiou a Estação de Juatuba, por oito anos, onde permaneceu até a sua aposentadoria.”

Texto inspirado em entrevista cedida ao projeto Estação de Memórias por Zely, Nely e Marly, filhas de Paulo Rocha.

Fotografias de ferroviários

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