Um acidente marcante na história ocorreu no final do ano de 1970, quando um trem, carregado de cimento, levava o público de dois casamentos: um em Guaxima e outro em Conquista. Na subida depois da estação Engenheiro Lisboa, a locomotiva não conseguiu mais puxar. O maquinista decidiu parar e pediu ao seu ajudante para ir à estação pedir socorro. No entanto, com o trem ainda parado, os freios falharam e os carros começaram a descer. Ocorreram o descarrilhamento e a queda do trem na ribanceira do Dourado, resultando em quase 30 mortes e dezenas de feridos.
“Minha mãe morreu nesta ferrovia tem uns, ah, uns 45 anos que ela pegava aqui a ferrovia e ia Jaguara, passava aqui e ia pra Jaguara. E ela foi pra Conquista, na casa da tia dela. Antes de chegar na Conquista, na Guaxima, o trem estragou. E o trem parou, tava cheio de gente, dois vagões de cimento na frente e dois de gente atrás, porque o povo que lá ia pra Conquista ia no casamento, certo? E aí a máquina parou. Dizem que o maquinista foi tentar dar um tranco nela, aí tinha muitas pessoas, até meu cunhado, irmão dela, aí desceu, e os que não desceram do trem, o trem voltou, aí deve ter voltado uns dois quilômetros. Voltou e foi capotando e caiu dentro do Dourado, entornou o cimento e matou o povo quase tudo. A máquina veio e passou por cima daquilo tudo e caiu dentro do Dourado. Foi uma coisa horrível.”
História de Caetano, morador de Peirópolis, concedida em 2018 a Karen Pereira Freitas Silva Laura de Barros Pereira e publicada no artigo “Da Ferrovia ao Museu”
“Engenheiro Lisboa é onde caiu o trem de passageiro. Tinha um casal de noivo, o trem foi cheio, o maquinista meu pai até conheceu. O trem voltou e caiu no rio, matou a noiva, matou foi gente. (…) depois de Lisboa tinha uma subida, não era parada, mas parava pra descer, chamava Serra dos Dourados. Subidão grande. Foi lá que o trem voltou. O trem voltou da Serra dos Dourados até no Rio dos Dourados e lá ele tombou. Ele voltou e lá fazia uma curva, assim, pra chegar na Estação, e lá ele tombou. E era misto: o trem parava na chave de cimento, pegava os vagões carregados de cimento, colocava no de passageiro, levava pra Jaguara. Chamava trem misto porque era passageiro e carga. Levava dois, três vagões de cimento. E nisso de tombar, a descida era um penhasco grande, aí o vagão de cimento foi puxando tudo. Tem uns que pularam, né? Inclusive tem chefe meu aí, que foi seu Josino, ele pulou. Ele foi parte das vítimas.”
História de João Batista Lobato, maquinista aposentado.
“Teve um casamento em Uberaba em que a noiva e os convidados vieram lá de Areal. Era 16h30 e todos embarcaram no trem misto. Quando chegou na curva do caracol a máquina parou, todos desceram um pouco, alguns foram até pegar melancias que tinham na beira da ferrovia. O trem começou a andar e os convidados acharam que ele estava indo embora, saíram correndo e entraram no trem. Chegou na curva, o trem tombou, muitas pessoas faleceram e a noiva também.”
História de Maria Aparecida Portelinha, familiar de ferroviário e moradora do entorno.