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Antes de ser batizada como Sertão da Farinha Podre, a região era grafada nos mapas dos colonizadores como Sertão do Gentio Kayapó. O povo kayapó pertence ao tronco linguístico Macro-Jê, e habitava a parte oriental do planalto brasileiro. Estima-se que os vestígios arqueológicos mais antigos de ocupação da região tenham cerca de 7300 anos. Já os vestígios de povos ceramistas, como eram os kayapós, chegam a datar de 1800 anos.
O bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva Filho, conhecido como o “segundo Anhanguera”, recebeu do governo da Província de São Paulo a autorização para abrir uma estrada rumo a Goiás, cruzando a região dos atuais municípios de Uberaba e Uberlândia.
Ainda antes das expedições bandeirantes, muitos dos escravizados que trabalhavam na região de Vila Rica, atual Ouro Preto, conseguiram fugir da escravidão rumo ao oeste da capitania e formaram uma série de quilombos. Em 1726, já havia uma grande confederação de quilombos na região. Seu principal expoente era o Quilombo do Campo Grande, em Ibiá, onde viveu o famoso Rei Ambrósio.
O esgotamento das minas da região de Vila Rica intensificou a pressão para que a capitania se expandisse rumo ao oeste. No entanto, a imensa rede de quilombos tornava esse caminho perigoso. O então governador de Minas, José Antônio Freire de Andrade, determinou como prioridade a guerra contra os quilombos, de modo a permitir a ocupação local no período de 1746 a 1769. A partir de 1749, a coroa começou a formar os chamados aldeamentos para resistir aos kayapós e trouxe aliados indígenas de outras etnias para povoar a região.
Conta-se que esse apelido de Sertão da Farinha Podre advém de um costume dos bandeirantes e viajantes: guardar sacos de farinha em bruacas para se proteger da fome ao passar novamente por um mesmo território. Por isso, em todo o sertão, encontravam-se enterrados sacos de farinha podre. Outros, no entanto, falam que o nome vem da semelhança percebida pelos colonizadores entre essa região e os Campos da Farinha Podre, em Portugal.
Com a decadência do Desemboque, resultante da queda na extração de ouro no garimpo do Rio das Velhas, novos povoados surgiram na região – dentre eles, o povoado Santo Antônio e São Sebastião de Uberaba, fundado em 1810 pelo Major Antônio Eustáquio, chamado de “Curador de Índios”. Sua presença motivou a chegada de muitos outros forasteiros, levando ao contínuo crescimento do povoado.
A região que hoje conhecemos como Triângulo Mineiro pertencia, até o final do período colonial, à Província de Goiás. No dia 4 de abril de 1816, o rei Dom João VI expediu um alvará que transferia os julgados de Araxá e do Desemboque para a Comarca de Paracatu, pertencente à capitania de Minas Gerais. A decisão foi muito questionada ao longo dos séculos seguintes. Inclusive, motivou vários protestos pela separação da região da capitania de Minas.
A abertura de um novo porto e de uma estrada para o Rio Grande levaram ao rápido crescimento de Uberaba: em 1820 torna-se freguesia e, em 1836, ganha o título de vila. A imagem mostra o marco comemorativo do centenário da criação da Vila de Uberaba, inaugurado em fevereiro de 1936 na região do Lageado. Nesse local instalou-se o Arraial da Capelinha por volta de 1810, primeiro povoado da região de Uberaba.
A Lei nº. 759 de 2 de maio de 1856 elevou à categoria de cidades as vilas de Baependi, Uberaba e Santo Antônio do Paraibuna. Emancipada politicamente, a Princesa do Sertão começa a adquirir aspectos urbanos e a perseguir cada vez mais o “progresso” e a “civilização”. Surgem os primeiros hotéis, lojas, livrarias e a própria imprensa da cidade.
Uberaba transforma-se em um ponto importante de reunião das tropas de soldados seguindo por terra para a Guerra do Paraguai, o que estimulou ainda mais o crescimento e a relevância comercial da cidade. Na imagem, o pintor uberabense José Maria dos Reis Júnior (1903-1985) retrata o trágico episódio da Retirada da Laguna, quando centenas de soldados brasileiros marcharam a pé de Uberaba até a cidade de Laguna, e lá, distantes do restante das tropas e acometidos por tifo e cólera, foram forçados pela cavalaria paraguaia a recuar.
O desejo por “Progresso” e “Civilização”, aliado à expansão do plantio de café no noroeste paulista, despertou um sonho na cidade: a vinda da ferrovia, que começava a se expandir no Brasil.
A primeira estação da cidade foi inaugurada com festa em abril de 1889, na rua Menelick de Carvalho, nº. 53. Foi preparado um jantar, acompanhado de um concerto para receber a maria-fumaça, os executivos e os trabalhadores da ferrovia.
