Os fósseis de Uberaba, descobertos em 1945, tornaram a região famosa por achados como o Uberabatitan e o primeiro ovo de dinossauro da América do Sul. Hoje, Peirópolis abriga o Museu dos Dinossauros.
O Geoparque Uberaba – Terra de Gigantes
O projeto Aspirante Geoparque Uberaba vem, desde 2010, realizando ações para que Uberaba seja reconhecida no Programa Geoparques Mundiais da UNESCO, cuja missão é reconhecer, valorizar, salvaguardar e utilizar, de maneira sustentável, o patrimônio geológico. Entende-se que a cidade apresenta uma relação única de integração de patrimônios, identificada pela expressão “Terra de Gigantes”.
Representando o patrimônio geológico, aparecem os emblemáticos dinossauros, que fazem do município a terra dos dinossauros do Brasil. Na cultura, destaca-se o humanista Chico Xavier, que representa a riqueza religiosa local, em especial do espiritismo. Por fim, temos o boi-zebu, aprimorado geneticamente na região e hoje espalhado por todo o mundo, graças à sua qualidade.
A ferrovia integra o patrimônio histórico e cultural da cidade e mantém estreita relação com a história de cada um desses gigantes.
Dinossauros e a ferrovia
Os primeiros fósseis de Uberaba foram encontrados em 1945, justamente durante uma retificação de um trecho próximo à Estação Mangabeira. A descoberta trouxe à região o paleontólogo Llewellyn Ivor Price, e o município passou a ser reconhecido pela relevância dos estudos científicos sobre o tema. Em 1946, foi encontrado na Mangabeira o primeiro ovo de dinossauro da América do Sul; nas proximidades, viu-se o maior animal que pisou em terras brasileiras, o dinosauro Uberabatitan ribeiroi, com 28 m de comprimento e 14 m de altura. Embora a descoberta inicial tenha ocorrido na Estação Mangabeira, a maior parte desse patrimônio foi revelada à comunidade científica mundial nos arredores da Estação de Peirópolis. Desde 1992, essa estação abriga o Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price e o Museu dos Dinossauros, frutos de uma parceria entre a Prefeitura e o Departamento Nacional de Produção Mineral, apoiados pela Associação dos Amigos do Sítio Paleontológico de Peirópolis.
Llewellyn Ivor Price com o primeiro fóssil de dinossauro encontrado em Peirópolis. Autoria desconhecida, entre 1948 e 60.
Boi-zebu: a nova esperança de expansão
O boi-zebu, na verdade, é original da Índia; no entanto, foi o aprimoramento genético desenvolvido em Uberaba que permitiu que a espécie se disseminasse a ponto de hoje compor 80% do rebanho comercial brasileiro. As cinco primeiras cabeças de gado da espécie chegaram aqui pela então recém-inaugurada Mogyana, no dia 15 de outubro de 1889, após uma verdadeira aventura de pecuaristas uberabenses na Índia para buscá-lo. A elite agrária local via na espécie uma saída econômica para o declínio comercial que ocorria devido à expansão da ferrovia para Araguari. Ainda na primeira metade do século 20, foi fundada a Sociedade Rural do Triângulo Mineiro (hoje ABCZ), com feiras anuais de representação política a nível nacional e exposição dos diversos criatórios de zebu de todo o país. Esses eventos transformaram Uberaba na Capital Mundial do Zebu. Ao longo do século, o transporte ferroviário foi crucial para o desenvolvimento dos negócios do zebu, seja no transporte do próprio gado, seja no transporte dos insumos.
Cartaz da exposição do gado zebu. Autoria desconhecida, 1934. Acervo Uberaba em Fotos.
Chico Xavier
O terceiro gigante, Chico Xavier, nascido em 1910, vem para Uberaba de Pedro Leopoldo, sua cidade natal, via trem, em 1959, pela linha da Rede Mineira de Viação. Na cidade, atendeu milhares de pessoas e psicografou boa parte da sua obra, composta de mais de 400 livros, e viveu até o dia de sua morte, em 30 de junho de 2002.
Chico Xavier em Uberaba. Autoria Paulo Nogueira, 1959. Acervo Memorial Chico Xavier.
