“Pra gente que é ferroviário, a gente ficou super chateado. Quando eu entrei, Campinas tinha 23 horários de passageiro. A vida inteira meus avós moraram em Campinas, e meu pai levava a gente… então, assim, acabou aquele trem todo. É igual você ver as estações. (…) Você vê um lugar que você já passou, um lugar abandonado… É claro que vem evolução, vem tudo, não é? Mas poderia ter mantido a estação com um funcionário…”
Depoimento de Luiz Américo Justino dos Santos, inspetor aposentado.
“A gente já sabia em cada estação o que tinha, o que era fácil. Tinha estação em que o trem parava assim, do lado do pé de goiaba, e da janela você puxava uma fruta, né? De dentro do trem. Então dessas coisas a gente tem muita saudade.”
Depoimento de João Gilberto Bento, morador do entorno.
“Pra mim, foi marcante a viagem que fizemos – eu, Dodô Cicci, Demílton Dib, entre outros – nos anos de 1970, a Ribeirão Preto, para ver show de Mílton Nascimento. Nós sabíamos que os trens de ferro deixariam de circular acabar. Foi, assim, que nos despedimos do trem de passageiros.”
Depoimento de Jorge Alberto Nabut, jornalista, escritor uberabense morador das proximidades da praça da Mogiana.
“Eu era solteira, morava aqui, pertinho na fazenda São José. Então, dia de domingo, nós juntava a moçada lá. Tinha muita moça, rapaz. Não tinha muito aonde a gente ir, então, nosso passeio era Peirópolis na hora do trem passar. O trem passava duas e quinze. Então a gente ficava na turma, ficava ali na estação, hora que o trem vinha, os rapazes mexiam com as moça, nós com os rapazes, sabe? Ele saía abanando o lencinho pra nós e nós ficava abanando a mão, era muito bom. O passeio que nós tinha no domingo era esse aqui.”
Depoimento de Maria Helena Menezes de Resende, moradora de Peirópolis.
“Normalmente o pessoal era sempre bem-vestido, assim, no trem. Tinha uns moço bonito, né? Nós também não era de se jogar fora, né? E aí eles vinham e eles gritavam: ‘Ê, Peirópolis’, ‘Num dá pra ficar? Vamo morar nesse Peirópolis’, mexendo com a gente, né? ‘Ainda venho morar nesse Peirópolis, né?’, ‘Que ô lugar de mulher bonita, né?’. Aí nós dava tchau, eles mandavam: tirava o lenço do bolso, saía balançando o lenço, assim, pra nós, até o trem sumir. E nós ficava de abanar a mão.”
Depoimento da Maria Helena Menezes de Resende, moradora de Peirópolis.