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Recebe esse nome por causa do Ribeirão Cantagalo, que passava pela propriedade e pertencia ao Barão de Entre Rios, antes mesmo de ele ter tal título. Por meio da sesmaria concedida pelo Império, em 1817, Antônio Barroso Pereira recebeu as terras em que fundou suas fazendas. Anos mais tarde, parte dessas foram utilizadas para a instalação da Estação Ferroviária de Entre Rios e da Estação Rodoviária da Estrada União Indústria. Entre os anos de 1858 e 1860, o Barão de Entre Rios fez um acordo de cessão com a direção da Estrada de Ferro Central do Brasil para a construção dos trilhos da ferrovia em sua propriedade.
A sede da Fazenda Cantagalo ficava situada no lugar do atual trevo rodoviário do bairro Cantagalo, onde também foi construída pelos primeiros proprietários da fazenda, a Capela Nossa Senhora da Piedade. Parte do primeiro distrito de Três Rios se encontra na região onde era a fazenda, incluindo sua sede que desapareceu no final da década de 20, devido ao abandono e falta de administração.
A Companhia nasceu em 1916, período da Primeira Guerra Mundial, mas entrou no ramo ferroviário apenas em 1926, seguindo o desenvolvimento industrial do setor na época. Sua produção era centrada na indústria mecânica brasileira, com o incentivo do Governo Federal. Produziu vagões, carros de passageiros e demais componentes ferroviários até 1988. Com sede em Petrópolis, possuía fábricas nas cidades de Três Rios e Conselheiro Lafaiete.
“Na década de 60, temos aqui a construção da Companhia Santa Matilde, que vai ser uma gigantesca empresa de produção de materiais ferroviários, e depois também de automóveis em Três Rios. (…) tinham aqui as Oficinas da Rede e, ao lado, as da Santa Matilde, com uma produção muito grande de vagões. Aquilo era exportado para o país inteiro, e a Rede era a grande incentivadora e compradora desses vagões. Comprava para o setor todo. No final da ditadura militar, tivemos o início do desmonte da Rede, e a Santa Matilde ficou sem ter demanda de compra de vagões. (…) Não tendo encomenda, a Santa Matilde faliu, quebrou e colocou para fora mais de 3.000 funcionários da cidade.”
Depoimento de Bernardo Goytacazes de Araújo
Também conhecido como Escola Técnica Profissional, era uma instituição de ensino que oferecia cursos técnicos em paralelo ao ensino regular. Para estudar na CFP era necessário ter pelo menos 13 anos e realizar um processo seletivo que era ofertado todo fim de ano. A escola oferecia cursos de metalurgia (serralheria) e mecânica (tornearia) e tinha convênio com a ferrovia que garantia aos alunos a realização de um estágio na oficina ferroviária. Muitas vezes, a partir da experiência profissional adquirida nos estágios, os alunos já eram encaminhados diretamente ao mercado de trabalho e tinham a sua carreira profissional nos trilhos garantida.
Atualmente o antigo CFP não existe mais, contudo o SENAI, instalado na cidade, segue capacitando profissionais para o mercado profissional.
Com uma unidade em Três Rios, a Companhia da Usina Nacional ocupava, na década de 40, parte da Rua Gomes Porto, na esquina com a Praça São Sebastião. Entre suas atividades estavam o refino de açúcar bruto e o engarrafamento de “Álcool Pérola”. O carregamento do álcool chegava às oficinas através do transporte ferroviário. Essa unidade foi desativada por volta de 1973.
No 3º depósito as locomotivas e vagões eram reparados, e formou-se um núcleo de formação profissional. Foi o primeiro setor profissionalizante em Entre Rios, qualificando profissionais, técnicos de reparos de locomotivas, foguistas, graxeiros, camareiros, maquinistas, garçons, cozinheiros, telegrafistas, socorristas, manobristas, telegrafistas, reparadores de linha, carvoeiros, torneiros, fresadores, mecânicos, sinaleiros e, também, equipe de enfermagem.
A chegada do 3º Depósito de Entre Rios promoveu grande aumento populacional da cidade com a criação de empregos, prédios residenciais, novos serviços e vários outros empreendimentos que foram sendo realizados no entorno do depósito.
“Quando eu trabalhava de plantão, eu sabia, até hoje eu sei, o nome de muitos maquinistas e o número de registro deles, porque eu trabalhava ali com 4, 5 telefones na mesa. Barra era o 2º depósito, o nosso era o 3º, lá em Santos Dumont era o 4º e Lafaiete era o 5º, então você tinha que guardar os depósitos. Dá muita saudade.”
Depoimento de Geraldo Barbosa, maquinista aposentado
O bairro Pátio da Estação surgiu a partir da necessidade de se criar casas para os novos funcionários da Estação Ferroviária Central do Brasil, que vinham de outras cidades. As casas foram construídas pelos próprios ferroviários, às margens da estrada de ferro e a falta de suporte fez com que eles enfrentassem dificuldades para adquirir energia elétrica e saneamento básico.
Para solucionar o problema da energia, a Estrada de Ferro Central do Brasil construiu, próximo à praça Manoel Pinheiro, uma cabine de eletricidade. Quanto ao saneamento básico, as famílias que moravam perto do córrego São Sebastião tiveram sua rede de esgoto instalada; já as que moravam mais distantes construíram fossas e poços artesanais. Com o crescimento da comunidade, os comércios começaram a chegar. Para conseguir comprar nesses estabelecimentos era necessário um cadastro, cujo requisito principal era o endereço residencial. Como ainda não existia nenhum registro oficial do bairro, os próprios moradores nomearam o local de “Pátio da Estação”.
No posto dos seguranças da Rede Ferroviária Federal S/A, ficavam os guardas que faziam a segurança dos passageiros e trabalhadores da Estação Ferroviária. Esses profissionais eram responsáveis pela gestão de eventuais acidentes. Se acontecesse algum atropelamento, por exemplo, eram eles quem faziam a ocorrência. Além disso, vigiavam alguns percursos da linha ferroviária, com turnos diários e noturnos. O posto ainda existe e se encontra ao lado da nova estação, atualmente abrigando comércios locais.
No centro da cidade, encontrávamos o Moinho Três Rios, que teve seu local de construção escolhido ao lado da linha férrea porque facilitava o carregamento da farinha nos vagões. Produzindo cerca de 70 toneladas por dia, o trigo chegava por caminhões, era moído e transformado em farinha. As sacas eram então levadas por meio de esteiras para o lado de fora do moinho. Após carregar em torno de 5 vagões, eles eram acoplados e levados rumo ao Rio de Janeiro. No início do século 21, a indústria foi desativada. Uma curiosidade é que o prédio, além de ser o mais alto naqueles tempos, foi o primeiro a ter elevador de passageiros em Três Rios.
Outra opção de repouso para os viajantes da ferrovia era a pensão da Vó Roxinha. Ela servia refeições que ficaram famosas e acolhia forasteiros e trirrienses com muita hospitalidade. Francisco Neves, ferroviário e um dos pioneiros do teatro amador de Três Rios, foi um dos ilustres hóspedes de Vó Roxinha. O prédio funcionou como pensão por cerca de 25 anos, contudo, acabou por ser demolido pelos novos proprietários do local na década de 1990.
Com louças, talheres e cristais vindos diretamente da Inglaterra, o restaurante da Estação Ferroviária, apesar de toda a elegância, servia refeições das mais modestas às mais sofisticadas. Administrado pelo português Antônio Pereira Lopes, ficava no segundo andar da Estação Ferroviária de Três Rios.
Na década de 20, foi construído na atual Avenida da Condessa do Rio Novo o Entre Rios Hotel, vizinho da Estação Ferroviária. O hotel era uma das principais hospedagens para os viajantes que passavam por Entre Rios. Ao lado dele, existia a Casa Bancária Comercial e Indústria S/A. Fundada em 1927, foi uma das principais responsáveis em auxiliar o comércio e a indústria na região.
O Marco Ferroviário, também chamado de Guarita, foi inaugurado no dia 6 de agosto de 1871 em comemoração à extensão das linhas da Estrada de Ferro Dom Pedro II, com a presença de autoridades ferroviárias do Império. Marcava a separação das linhas do ramal do Porto Novo da Linha do Centro. Mariano Procópio, diretor da Estrada de Ferro Dom Pedro II, desviou o trajeto original para que ela seguisse paralelamente à rodovia União Indústria. Assim, a Linha do Centro foi criada saindo da Estação Ferroviária de Entre Rios em direção a Juiz de Fora, passando pelo Vale do Paraibuna em direção ao planalto de Barbacena.
O monumento ferroviário foi tombado pelo decreto nº 2.113 de 26 de junho de 1997 da Prefeitura Municipal de Três Rios por solicitação do Conselho Municipal de Cultura. Foi revitalizada e instalada cópia das placas originais pela PMTR sendo reinaugurado em julho de 2016.
Na década de 20, foi construído na atual Avenida da Condessa do Rio Novo o Entre Rios Hotel, vizinho da Estação Ferroviária. O hotel era uma das principais hospedagens para os viajantes que passavam por Entre Rios. Ao lado dele, existia a Casa Bancária Comercial e Indústria S/A. Fundada em 1927, foi uma das principais responsáveis em auxiliar o comércio e a indústria na região.
Em 1882, os escravizados da Fazenda Cantagalo foram alforriados pela Condessa do Rio Novo e criaram a colônia proposta por ela: “Comunidade Agrícola N.Sª da Piedade”. No testamento, ela afirmava que, após 50 anos de existência da colônia, os libertos seriam donos das terras. Por lá seriam produzidos cereais, mas metade de toda a produção deveria ser destinada à Irmandade local. Contudo, passados os anos estipulados, o Legislativo reconheceu apenas a Irmandade como a real proprietária das terras. A partir de um processo de usucapião, aberto por 39 famílias e liderado por Ambrozina Bastos, os trabalhadores receberam a posse apenas em 1950. Mesmo com a conquista, ainda enfrentaram o preconceito da sociedade do entorno que não reconhecia seus direitos e considerava um insulto a ideia de construir uma casa no “bairro de ex-escravos”.
Em uma tentativa de apaziguamento da história de luta do povo negro no local, o nome do bairro foi mudado de Colônia para Vila Isabel, em homenagem à princesa.
“[…] a testadora ordena o estabelecimento, n’essa colônia, de duas escolas para educação dos menores d’ella e da circunvizinhança; determina a distribuição entre os colonos de lotes de terras e de cafesaes, metade de cujo producto líquido lhes pertence, pertencendo a outra metade à Casa de Caridade, expõe a maneira por que deve ser feita a administração da mesma colônia, regula os casos de expulsão e os de admissão de novos colonos, que poderão ser pessoas livres. Esta última circunstância denota evidentemente que ‘os libertos e ingênuos e seus descendentes’ não são proprietários da fazenda de Cantagallo, mas simplesmente – colonos privilegiados, como que emphytheutas ou senhorios do domínio útil da mesma fazenda transformada pelo testamento em colônia agrícola. […]”
Inventário do espólio de Mariana Claudina Pereira de Carvalho, Condessa do Rio Novo
Um dos bairros ligados à ferrovia em Três Rios é o Triângulo, que ganhou esse nome por causa da Estação Triângulo, localizada a 1,5 km da Estação Ferroviária de Três Rios. Inaugurada em 1900, nela passava a Leopoldina Railway, e, quando o trem de Petrópolis foi extinto em 1964, a estação se tornou o ponto final do trecho. Os trens que traziam o minério de ferro de Minas Gerais chegavam ali, e o nome “Triângulo” originou-se por ser a área onde eles manobravam e viravam. Para a duplicação da Avenida Condessa do Rio Novo, em 1998, os trilhos em formato de triângulo foram retirados, mas o bairro continua sendo conhecido por eles.
“A gente acompanhava muito isso, pedia o meu pai para nos levar e a gente ia no final de semana para ver o descarregamento do minério. Era muito bonito.” – Depoimento de Bernardo Goytacazes de Araújo.
Conhecida popularmente como Ponte das Garças, o local nasceu com o nome oficial de Ponte do Paraíba, já que seu objetivo é atravessar o curso d’agua do rio Paraíba, além de facilitar a passagem dos veículos pelo percurso e a chegada na Estação Rodoviária de Entre Rios. Foi projetada pelo engenheiro J. Keller e construída pela companhia rodoviária União e Indústria.
Com a decadência da Estrada União e Indústria, a Estrada de Ferro Leopoldina Railway foi autorizada, no ano de 1898, a realizar uma reforma na Ponte das Garças: adaptou a passagem para uma ponte dupla, acrescentou trilhos para as locomotivas e manteve o caminho para os veículos. A duplicação da ponte foi utilizada até a década de 50, quando paralela à ponte de ferro, foi construída uma estrutura de concreto para o uso da rodovia. Já na década de 70, com a desativação do movimento ferroviário, passou a servir de pistas para ciclistas e pedestres.
Recebe esse nome por causa do Ribeirão Cantagalo, que passava pela propriedade e pertencia ao Barão de Entre Rios, antes mesmo de ele ter tal título. Por meio da sesmaria concedida pelo Império, em 1817, Antônio Barroso Pereira recebeu as terras em que fundou suas fazendas. Anos mais tarde, parte dessas foram utilizadas para a instalação da Estação Ferroviária de Entre Rios e da Estação Rodoviária da Estrada União Indústria. Entre os anos de 1858 e 1860, o Barão de Entre Rios fez um acordo de cessão com a direção da Estrada de Ferro Central do Brasil para a construção dos trilhos da ferrovia em sua propriedade.
A sede da Fazenda Cantagalo ficava situada no lugar do atual trevo rodoviário do bairro Cantagalo, onde também foi construída pelos primeiros proprietários da fazenda, a Capela Nossa Senhora da Piedade. Parte do primeiro distrito de Três Rios se encontra na região onde era a fazenda, incluindo sua sede que desapareceu no final da década de 20, devido ao abandono e falta de administração.
A Companhia nasceu em 1916, período da Primeira Guerra Mundial, mas entrou no ramo ferroviário apenas em 1926, seguindo o desenvolvimento industrial do setor na época. Sua produção era centrada na indústria mecânica brasileira, com o incentivo do Governo Federal. Produziu vagões, carros de passageiros e demais componentes ferroviários até 1988. Com sede em Petrópolis, possuía fábricas nas cidades de Três Rios e Conselheiro Lafaiete.
“Na década de 60, temos aqui a construção da Companhia Santa Matilde, que vai ser uma gigantesca empresa de produção de materiais ferroviários, e depois também de automóveis em Três Rios. (…) tinham aqui as Oficinas da Rede e, ao lado, as da Santa Matilde, com uma produção muito grande de vagões. Aquilo era exportado para o país inteiro, e a Rede era a grande incentivadora e compradora desses vagões. Comprava para o setor todo. No final da ditadura militar, tivemos o início do desmonte da Rede, e a Santa Matilde ficou sem ter demanda de compra de vagões. (…) Não tendo encomenda, a Santa Matilde faliu, quebrou e colocou para fora mais de 3.000 funcionários da cidade.”
Depoimento de Bernardo Goytacazes de Araújo
Também conhecido como Escola Técnica Profissional, era uma instituição de ensino que oferecia cursos técnicos em paralelo ao ensino regular. Para estudar na CFP era necessário ter pelo menos 13 anos e realizar um processo seletivo que era ofertado todo fim de ano. A escola oferecia cursos de metalurgia (serralheria) e mecânica (tornearia) e tinha convênio com a ferrovia que garantia aos alunos a realização de um estágio na oficina ferroviária. Muitas vezes, a partir da experiência profissional adquirida nos estágios, os alunos já eram encaminhados diretamente ao mercado de trabalho e tinham a sua carreira profissional nos trilhos garantida.
Atualmente o antigo CFP não existe mais, contudo o SENAI, instalado na cidade, segue capacitando profissionais para o mercado profissional.
Para todo o processo de produção da farinha de trigo acontecer, era preciso que o trem fizesse uma série de manobras na linha de bitola métrica, que ia para o Pátio da Estação, onde havia um grande galpão de depósito. Os vagões eram divididos dentro do moinho e depois se juntavam, formando um trem completo para seguir até seu destino.
No 3º depósito as locomotivas e vagões eram reparados, e formou-se um núcleo de formação profissional. Foi o primeiro setor profissionalizante em Entre Rios, qualificando profissionais, técnicos de reparos de locomotivas, foguistas, graxeiros, camareiros, maquinistas, garçons, cozinheiros, telegrafistas, socorristas, manobristas, telegrafistas, reparadores de linha, carvoeiros, torneiros, fresadores, mecânicos, sinaleiros e, também, equipe de enfermagem.
A chegada do 3º Depósito de Entre Rios promoveu grande aumento populacional da cidade com a criação de empregos, prédios residenciais, novos serviços e vários outros empreendimentos que foram sendo realizados no entorno do depósito.
“Quando eu trabalhava de plantão, eu sabia, até hoje eu sei, o nome de muitos maquinistas e o número de registro deles, porque eu trabalhava ali com 4, 5 telefones na mesa. Barra era o 2º depósito, o nosso era o 3º, lá em Santos Dumont era o 4º e Lafaiete era o 5º, então você tinha que guardar os depósitos. Dá muita saudade.”
Depoimento de Geraldo Barbosa, maquinista aposentado
Com uma unidade em Três Rios, a Companhia da Usina Nacional ocupava, na década de 40, parte da Rua Gomes Porto, na esquina com a Praça São Sebastião. Entre suas atividades estavam o refino de açúcar bruto e o engarrafamento de “Álcool Pérola”. O carregamento do álcool chegava às oficinas através do transporte ferroviário. Essa unidade foi desativada por volta de 1973.
O bairro Pátio da Estação surgiu a partir da necessidade de se criar casas para os novos funcionários da Estação Ferroviária Central do Brasil, que vinham de outras cidades. As casas foram construídas pelos próprios ferroviários, às margens da estrada de ferro e a falta de suporte fez com que eles enfrentassem dificuldades para adquirir energia elétrica e saneamento básico.
Para solucionar o problema da energia, a Estrada de Ferro Central do Brasil construiu, próximo à praça Manoel Pinheiro, uma cabine de eletricidade. Quanto ao saneamento básico, as famílias que moravam perto do córrego São Sebastião tiveram sua rede de esgoto instalada; já as que moravam mais distantes construíram fossas e poços artesanais. Com o crescimento da comunidade, os comércios começaram a chegar. Para conseguir comprar nesses estabelecimentos era necessário um cadastro, cujo requisito principal era o endereço residencial. Como ainda não existia nenhum registro oficial do bairro, os próprios moradores nomearam o local de “Pátio da Estação”.
No posto dos seguranças da Rede Ferroviária Federal S/A, ficavam os guardas que faziam a segurança dos passageiros e trabalhadores da Estação Ferroviária. Esses profissionais eram responsáveis pela gestão de eventuais acidentes. Se acontecesse algum atropelamento, por exemplo, eram eles quem faziam a ocorrência. Além disso, vigiavam alguns percursos da linha ferroviária, com turnos diários e noturnos. O posto ainda existe e se encontra ao lado da nova estação, atualmente abrigando comércios locais.
No centro da cidade, encontrávamos o Moinho Três Rios, que teve seu local de construção escolhido ao lado da linha férrea porque facilitava o carregamento da farinha nos vagões. Produzindo cerca de 70 toneladas por dia, o trigo chegava por caminhões, era moído e transformado em farinha. As sacas eram então levadas por meio de esteiras para o lado de fora do moinho. Após carregar em torno de 5 vagões, eles eram acoplados e levados rumo ao Rio de Janeiro. No início do século 21, a indústria foi desativada. Uma curiosidade é que o prédio, além de ser o mais alto naqueles tempos, foi o primeiro a ter elevador de passageiros em Três Rios.
Outra opção de repouso para os viajantes da ferrovia era a pensão da Vó Roxinha. Ela servia refeições que ficaram famosas e acolhia forasteiros e trirrienses com muita hospitalidade. Francisco Neves, ferroviário e um dos pioneiros do teatro amador de Três Rios, foi um dos ilustres hóspedes de Vó Roxinha. O prédio funcionou como pensão por cerca de 25 anos, contudo, acabou por ser demolido pelos novos proprietários do local na década de 1990.
Com louças, talheres e cristais vindos diretamente da Inglaterra, o restaurante da Estação Ferroviária, apesar de toda a elegância, servia refeições das mais modestas às mais sofisticadas. Administrado pelo português Antônio Pereira Lopes, ficava no segundo andar da Estação Ferroviária de Três Rios.
Na década de 20, foi construído na atual Avenida da Condessa do Rio Novo o Entre Rios Hotel, vizinho da Estação Ferroviária. O hotel era uma das principais hospedagens para os viajantes que passavam por Entre Rios. Ao lado dele, existia a Casa Bancária Comercial e Indústria S/A. Fundada em 1927, foi uma das principais responsáveis em auxiliar o comércio e a indústria na região.
O Marco Ferroviário, também chamado de Guarita, foi inaugurado no dia 6 de agosto de 1871 em comemoração à extensão das linhas da Estrada de Ferro Dom Pedro II, com a presença de autoridades ferroviárias do Império. Marcava a separação das linhas do ramal do Porto Novo da Linha do Centro. Mariano Procópio, diretor da Estrada de Ferro Dom Pedro II, desviou o trajeto original para que ela seguisse paralelamente à rodovia União Indústria. Assim, a Linha do Centro foi criada saindo da Estação Ferroviária de Entre Rios em direção a Juiz de Fora, passando pelo Vale do Paraibuna em direção ao planalto de Barbacena.
O monumento ferroviário foi tombado pelo decreto nº 2.113 de 26 de junho de 1997 da Prefeitura Municipal de Três Rios por solicitação do Conselho Municipal de Cultura. Foi revitalizada e instalada cópia das placas originais pela PMTR sendo reinaugurado em julho de 2016.
Na década de 20, foi construído na atual Avenida da Condessa do Rio Novo o Entre Rios Hotel, vizinho da Estação Ferroviária. O hotel era uma das principais hospedagens para os viajantes que passavam por Entre Rios. Ao lado dele, existia a Casa Bancária Comercial e Indústria S/A. Fundada em 1927, foi uma das principais responsáveis em auxiliar o comércio e a indústria na região.
Construída no final do século 20, a Estação de Cargas serviu principalmente a Leopoldina Railway e foi um dos últimos patrimônios ferroviários a ser derrubados na cidade. No dia 26 de setembro de 1998, no começo da manhã, tratores a demoliram. Às 10 horas daquela mesma manhã, nada mais estava de pé. Apesar do apelo popular e do Conselho Municipal de Cultura de Três Rios terem lutado pela preservação da construção, defendendo que não atrapalharia o novo traçado da avenida que passaria por perto, os pedidos não foram ouvidos. Atualmente, restaram apenas os alicerces da construção.
Conhecida popularmente como Ponte das Garças, o local nasceu com o nome oficial de Ponte do Paraíba, já que seu objetivo é atravessar o curso d’agua do rio Paraíba, além de facilitar a passagem dos veículos pelo percurso e a chegada na Estação Rodoviária de Entre Rios. Foi projetada pelo engenheiro J. Keller e construída pela companhia rodoviária União e Indústria.
Com a decadência da Estrada União e Indústria, a Estrada de Ferro Leopoldina Railway foi autorizada, no ano de 1898, a realizar uma reforma na Ponte das Garças: adaptou a passagem para uma ponte dupla, acrescentou trilhos para as locomotivas e manteve o caminho para os veículos. A duplicação da ponte foi utilizada até a década de 50, quando paralela à ponte de ferro, foi construída uma estrutura de concreto para o uso da rodovia. Já na década de 70, com a desativação do movimento ferroviário, passou a servir de pistas para ciclistas e pedestres.
Em 1882, os escravizados da Fazenda Cantagalo foram alforriados pela Condessa do Rio Novo e criaram a colônia proposta por ela: “Comunidade Agrícola N. Sª da Piedade”. No testamento, ela afirmava que, após 50 anos de existência da colônia, os libertos seriam donos das terras. Por lá seriam produzidos cereais, mas metade de toda a produção deveria ser destinada à Irmandade local. Contudo, passados os anos estipulados, o Legislativo reconheceu apenas a Irmandade como a real proprietária das terras. A partir de um processo de usucapião, aberto por 39 famílias e liderado por Ambrozina Bastos, os trabalhadores receberam a posse apenas em 1950. Mesmo com a conquista, ainda enfrentaram o preconceito da sociedade do entorno que não reconhecia seus direitos e considerava um insulto a ideia de construir uma casa no “bairro de ex-escravos”.
Em uma tentativa de apaziguamento da história de luta do povo negro no local, o nome do bairro foi mudado de Colônia para Vila Isabel, em homenagem à princesa.
“[…] a testadora ordena o estabelecimento, n’essa colônia, de duas escolas para educação dos menores d’ella e da circunvizinhança; determina a distribuição entre os colonos de lotes de terras e de cafesaes, metade de cujo producto líquido lhes pertence, pertencendo a outra metade à Casa de Caridade, expõe a maneira por que deve ser feita a administração da mesma colônia, regula os casos de expulsão e os de admissão de novos colonos, que poderão ser pessoas livres. Esta última circunstância denota evidentemente que ‘os libertos e ingênuos e seus descendentes’ não são proprietários da fazenda de Cantagallo, mas simplesmente – colonos privilegiados, como que emphytheutas ou senhorios do domínio útil da mesma fazenda transformada pelo testamento em colônia agrícola. […]”
Inventário do espólio de Mariana Claudina Pereira de Carvalho, Condessa do Rio Novo
Um dos bairros ligados à ferrovia em Três Rios é o Triângulo, que ganhou esse nome por causa da Estação Triângulo, localizada a 1,5 km da Estação Ferroviária de Três Rios. Inaugurada em 1900, nela passava a Leopoldina Railway, e, quando o trem de Petrópolis foi extinto em 1964, a estação se tornou o ponto final do trecho. Os trens que traziam o minério de ferro de Minas Gerais chegavam ali, e o nome “Triângulo” originou-se por ser a área onde eles manobravam e viravam. Para a duplicação da Avenida Condessa do Rio Novo, em 1998, os trilhos em formato de triângulo foram retirados, mas o bairro continua sendo conhecido por eles.
“A gente acompanhava muito isso, pedia o meu pai para nos levar e a gente ia no final de semana para ver o descarregamento do minério. Era muito bonito.”
Depoimento de Bernardo Goytacazes de Araújo.