Dia da Saudade
O Dia da Saudade é uma festa tradicional dos ferroviários de Três Rios. Ela foi criada em 2008, quando o maquinista Francisco Barreto aposentou-se e decidiu fazer um churrasco com seus amigos maquinistas. O evento foi um sucesso e passou a ser realizado todo ano, recebendo também ferroviários de outras áreas.
O nome “Dia da Saudade” surgiu da sigla DDS, que significa “Diálogo Diário de Segurança” – prática feita todos os dias para reforçar as medidas de segurança nos trilhos. Barreto, resolveu fazer um “DDS” diferente, em que todos pudessem aproveitar um momento de lazer com churrasco e cerveja. Assim, representando esse momento de encontro dos ferroviários, a festa segue firme e forte como “Dia da Saudade”.
A celebração costuma acontecer todo dia 7 de setembro e é momento de celebrar, relembrar casos antigos e apreciar o dia junto dos antigos colegas de profissão.
Dia da Saudade. Acervo pessoal de Francisco Barreto.
Escoteiros Ferroviários da Central do Brasil
No Brasil, havia duas Associações de Escoteiros Ferroviários. A 1ª foi fundada em Pernambuco em 1936 e a segunda pertencia à Estrada de Ferro Central do Brasil (EFCB), criada com incentivos de Getúlio Vargas em 1942. Foi denominada Associação Geral De Escoteiros Ferroviários.
A ligação dos escoteiros com os ferroviários foi pensada para estimular os jovens participantes do escotismo a se qualificarem como potenciais ferroviários. Apesar de terem uma vida ativa no começo dos anos 60, com o tempo, muitos grupos foram fechados ou transferidos para a União dos Escoteiros do Brasil (UEB). Grandes ferroviários como o Major Napoleão Alencastro Guimarães, diretor da estrada de ferro, e o engenheiro J. M. Andrade Sobrinho, chefe da Divisão de Ensino e Seleção Profissional da EFCB, destacaram-se como mentores dos escoteiros.
Associação dos Escoteiros de Valença (RJ)
Em 1978, foi inaugurada na região a Associação dos Escoteiros de Valença (RJ), conhecidos como Escoteiros Ferroviários da Central do Brasil. Ferroviários de Três Rios também se envolveram com essa Associação. Ela tinha como diretor o engenheiro Adalberto Jaime de Lóssio e Seiblitz e o chefe-escoteiro Jerônimo de Freitas Cosate. Em alguns documentos do grupo é possível encontrar o hino da EFCB.
Escoteiro caminha com as próprias pernas: o acidente de Caio Martins
Uma história que não ocorreu em Três Rios, mas que circulou muito por todas as Associações de Escoteiros Ferroviários ao longo dos anos, foi o caso de Caio Martins. O escoteiro tinha 15 anos de idade, fazia parte do Grupo Escoteiro do Afonso Arinos e era monitor da Patrulha Lobo. No dia 19 de dezembro de 1938, durante uma excursão de BH a São Paulo, houve um acidente com o trem que levava o grupo. O motivo foi uma colisão de trens entre a Estação Sítio e João Aires. Houve muitas mortes. Os escoteiros ajudaram a fazer o resgate, confeccionando macas com tudo o que havia no local. Fizeram os primeiros socorros e aguardaram 5 horas até o resgate chegar. Um enfermeiro ofereceu uma das macas para Caio Viana, mas ele pediu para levar outra pessoa no lugar, pois “o escoteiro caminha com as próprias pernas”. Ele foi andando rumo à cidade de Barbacena – MG, mas, por causa de uma hemorragia interna, acabou não resistindo aos ferimentos.
Clube dos ferroviários
Apelidado de Social Olímpico Ferroviário, esse clube era um dos principais locais de lazer dos trabalhadores. A propriedade, que pertencia inicialmente à Fazenda Cantagalo, foi primeiro utilizada pela Central do Brasil para a instalação da Escola profissional Jorge Franco. Depois do fechamento da escola, o espaço passou a ser utilizado para a construção do Clube. Possuía um campo, uma raia para jogo de malha e um grande espaço para eventos.
O jogo de malha
O Clube Social Olímpico Ferroviário tinha uma área destinada ao jogo de malha, principal esporte do espaço. O jogo consiste no arremesso de discos de aço ou ferro fundido, que precisam acertar pinos de madeiras. A malha é como é chamado o campo do jogo e tem 40 m x 1,30 m. Cada equipe tem oito jogadores, sendo quatro em cada extremidade da raia. Atualmente, o Clube Social Olímpico Ferroviário, filiado à Liga Sul Fluminense de Malha, participa e sedia campeonatos do esporte, recebendo times de variadas cidades do estado.
Praia nos rios
Em fevereiro de 1956, o rio Paraíba sofreu uma grande vazão que fez surgir uma área ribeirinha no final das ruas Quatorze de Dezembro e Barbosa de Andrade. A área foi apelidada de “Boca de Cano” e serviu para a diversão dos trirrienses, que passaram a realizar festas no local. Ferroviários e suas famílias também se divertiam nas prainhas nos dias de folga.
Praia Beira Rio. Entre 1960 e 1970. Sem autoria. Acervo pessoal Aluizio Reis.
Teatro Amador em Três Rios
O movimento do teatro amador em Três Rios vem de longa data. Há registros de pessoas dedicadas a essa arte na região desde o século 20. Em 1913, foi criado o Grupo Dramático e Beneficente Dias Braga. No dia 21 de agosto de 1914, no Teatro SulAmérica, eles encenaram o drama em três atos “Condessa Diana de Rione” e a comédia em um ato “O Diabo atrás da porta”. Entre os nomes da composição cênica, destaca-se a participação do ferroviário Francisco Neves.
Membros do corpo cênico do Grupo de Teatro Amador Beneficente “Dias Braga”. Autoria desconhecida, 21 de agosto de 1914. Acervo Revista Contemporarte.
Banda 1º de maio
Ernesto Silvio de Mattos, Carlos dos Santos Vidal e Fiuza de Vaz Lima – respectivamente, operário, mestre e chefe do 3º depósito da Estrada de Ferro Central do Brasil em Três Rios – fundaram em 1º de maio de 1910 a Banda dos Operários. Composta por ferroviários, ela inicialmente levava esse nome, mas, pouco tempo depois, foi renomeada para Grêmio Musical 1º de Maio, em homenagem ao Dia do Trabalhador. Sua primeira apresentação pública foi realizada no dia 1º de maio de 1910 na Praça Oscar Weinschench, atual Praça da Autonomia, onde se tornaram constantes suas aparições aos domingos. A banda possuía um prédio destinado às suas atividades, inaugurado em 1937 e localizado na Rua Marechal Floriano, atual Rua Padre Conrado.
Grêmio Musical Primeiro de Maio. 1950. Sem autoria. Acervo Luiza Flu Oliveira.
Banda ADAPTH
Os alunos do Centro de Formação Profissional, a escola da ferrovia, também foram protagonistas no mundo artístico. Cristiano Costa, Renato Estrada, Marco Ribeiro, Ivan Hiote, Wilciney, Jean Carlos e André Ribeiro (único não ferroviário) formaram a banda Adapth em meados de 1988, em Três Rios. O universo da ferrovia era a grande inspiração da banda, que foi a pioneira na cidade a gravar um LP com destaques musicais como “Thuramba Thure” do disco “De olho no mundo”.
Banda Adapth. Autoria e data desconhecidas. Acervo pessoal Renato Estrada.
Campo do Entrerriense
A sede do Entrerriense Futebol Clube, foi inaugurada em 1930, mas o Clube já estava em atividade desde 1925. Criado por ferroviários, os atletas realizavam os jogos no campo localizado no topo do Morro Áureo, cedido por empréstimo pela Estrada de Ferro Central do Brasil. A cessão foi feita por instância do seu agente Áureo Teixeira dos Santos, tendo como seu primeiro treinador o dr. Walter Franklin.
Flâmula e carteira de sócio do Entrerriense Futebol Clube hexacampeão. 1955. Acervo Deco Luiz.
Entrerriense Futebol Clube. Sem data. Sem autoria. Acervo pessoal Aluizio Reis.