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Da formação da cidade até a ferrovia
A exposição se inicia com uma contextualização histórica e espacial de São João. O assentamento e povoamento da região veio principalmente por sua localização estratégica, próxima do Rio das Mortes e o Rio Elvas, mas também como um lugar de parada e passagem, que criou um ambiente sucessível para o comércio na região.

O Trabalho e o Legado do Povo Negro em São João del-Rei

Essa parte do nosso conteúdo está em um site interativo que você pode acessar clicando na imagem abaixo:

Cartas de Alforria

“Digo eu, padre José Domingos de Carvalho, que, entre os bens que possuo livres e desembargados, bem assim é uma escrava por nome Mariana crioula, filha de Josefa Mina, cuja escrava pelos bons serviços que me tem feito, e pelo amor que lhe tenho com atenção ao muito que me tem servido na minha enfermidade, e pelo amor de Deus, hei por forra e liberta, de hoje para todo o sempre, como se tal nascesse do ventre de sua mãe, para que possa livremente tratar de sua vida, sem embaraço algum, não me fazendo falta nas minhas enfermidades, […].”

Informação encontrada no Livro de Notas n. 3 (1818 a 1831), 2º Ofício, São João del-Rei. Título de Liberdade de Mariana Crioula, passado pelo padre José Domingos de Carvalho, escrito em 1823.

 

“Digo eu, Joaquina Angélica da Luz, que, entre os mais bens que possuo […], liberto assim um escravo Antônio de Nação Cabinda, de idade de oitenta anos, deixo forro, e liberto como se nascesse do ventre de uma mãe, faço de minha menção, sem constrangimento de pessoa alguma por ser muito de minha livre vontade, e por estar já alcançado em anos além dos ataques que tem, deixo forro, e liberto por ter me servido muitos anos com lealdade, já não podes trabalhar, que nem meus herdeiros testamenteiros, poderá duvidar em tempo algum, antes fosses firme e valioso esta minha disposição, […].”

Informação encontrada no Livro de Notas n. 4 (1821 a 1825), 2º Ofício, São João del-Rei. Título de Liberdade de Antônio, de Nação Cabinda, passado por Joaquina Angélica da Luz, escrito em 1821.

 

“Digo eu, Tristão Carlos de Souza e minha mulher, Maria Josefa Duarte, que somos senhores e possuidores de uma escrava por nome Francisca de nação Banguela [Benguela], que não só por ser já de maior idade, como pelos bons serviços que a temos recebido, a desejamos favorecer, a fim de que de hoje em diante viva no mais descanso e ausenta do atual cativeiro, e que determinamos o seguinte: que a dita escrava viverá sempre em nossa companhia; não como pessoa sujeita à escravidão, mas sim como agregada em nossa casa, e, em remuneração de alguns pequenos serviços que nos haja de prestar nos comprometemos a sustentá-la, e socorrer nas suas enfermidades, e poderá livremente tratar de sua vida, sem que a possamos embaraçar nem obrigá-la à escravidão; e declaramos que, por este beneficio que lhe fizemos nos remunerou com vinte mil réis, que a recebemos em moeda corrente; e, portanto, desde agora em diante será reconhecida por pessoa forra e liberta de toda a escravidão, […].”

Informação encontrada no Livro de Notas n. 12 (1837 a 1840), 2º Ofício, São João del-Rei. Título de Liberdade de Francisca, de Nação Banguela [Benguela], passado por Tristão Carlos de Souza e sua mulher Maria Josefa Duarte, escrito em 1837.

 

“Digo eu, José Marcelino de Barros, abaixo assinado, que, entre os mais bens que possuo com livre e geral administração, é bem assim um preto por nome Joaquim, nação Congo, maior de sessenta anos, o qual por me ser muito fiel e verdadeiro, e me haver prestado bons serviços muito de minha livre vontade, e sem constrangimento de pessoa alguma lhe confiro liberdade, para a gozar de hoje em diante como se liberto nascesse do ventre de sua mãe, e do mesmo não recebi quantia alguma […].”

Informação encontrada no Livro de Notas n. 09 (1831 a 1833), 2º Ofício, São João del-Rei. Título de Liberdade de Joaquim Songo, passado por José Marcelino de Barros, escrito em 1832.

 

“Digo eu, Pedro Teixeira Nogueira, que, entre os bens que ficarão por falecimento do meu irmão, Padre João Teixeira Álvares, é bem assim uma escrava por nome Maria parda, de idade de cinqüenta anos pouco ou mais ou menos, casada com Joaquim Teixeira, a qual com outros escravos foram injustamente arrecadados pelo tesoureiro do juízo, como se está mostrando, porque é de minha vontade, e de todos os mais interessados já habilitados, fique a dita escrava Maria forra assim o declaro por este papel, que lhe servirá de tributo, e de hoje em diante, poderá gozar de sua liberdade como forra que fica sendo […].”

Informação encontrada no Livro de Notas n. 4 (1821 a 1825), 2º Ofício, São João del-Rei. Título de Liberdade de Maria parda, passado por Pedro Teixeira Nogueira, escrito em 1821.

 

“Digo eu, o Padre José Domingos de Carvalho, que, entre os mais bens que possuo, é bem assim uma escrava crioula, por nome Clara, a qual hei por forra, liberta de hoje para todo o sempre, como se nascesse do ventre de sua mãe, lhe faço esta esmola pelo amor de Deus, para que ela, em agradecimento disto, me haja de servir de melhormente, enquanto eu viver, e peço que as justiças de sua Alteza Real dêem esta carta de liberdade inteiro vigor cumprimento por ser minha livre vontade, e, para firmeza e clareza de tudo, mande passar esta carta de liberdade, que assinei.”

Informação encontrada no Livro de Notas n. 4 (1821 a 1825), 2º Ofício, São João del-Rei. Título de Liberdade de Clara, passado por Padre José Domingos de Carvalho, escrito em 1822.

 

“Digo eu, Ignácio José de Lima, que, entre os mais bens que possuo com plena e geral administração, é bem assim uma escrava de nome Severina parda, com idade de trinta e dois anos, pouco mais ou menos, a qual tem três filhos, Antônio pardo, Francisco pardo e Maria parda, e todos estes nomeados como a mãe como a seus três filhos muito de minha livre vontade, e sem constrangimento de pessoa alguma de novo lhe passo Carta de Liberdade pelos seus serviços, gratuitamente.”

Informação encontrada no Livro de Notas n. 3 (1818 a 1821), 2º Ofício, São João del-Rei. Título de Liberdade de Severina parda, e seus filhos: Antônio pardo, Francisco pardo e Maria parda, passado por Ignácio José de Lima, escrito em 1821.

 

“Digo eu, Manoel Alves de Magalhães, que entre os mais bens que possuo com livre e geral administração, é bem assim um cabra de nome José que [?] em herança de meus falecidos pais, o qual pelos seus bons serviços, que me tem prestado, em gratificação a eles o hei por forro e liberto, e livre de toda escravidão, […], pelo preço e quantia de trinta e oito mil e quatrocentos reis […].”

Informação encontrada no Livro de Notas n. 3 (1818-1821), 2º Ofício, São João del-Rei. Título de Liberdade de José Cabra, passado por Manoel Alvares de Guimarães, escrito em 1820.

 

“Digo eu, abaixo assinado, Félix Gomes da Silva, que foi tutor, possuidor, com livre e geral administração, de uma escrava por nome de Benedita crioula, filha de João e Thereza, a qual continuará a servir-me na mesma qualidade de cativa durante o tempo da minha existência, por minha morte a hei por forra, e liberta, como assim nascesse da sua mãe, mas só por gratidão aos bons serviços que me tem feito, como por caridade que lhe devo prestar, porque seja isto muito de minha vontade, meus herdeiros e testamenteiros cumprirão, imploro de justiças de sua majestade dêem a este papel todo o vigor, para que conste vai por mim firmado, perante as testemunhas e geralmente assinadas.”

Informação encontrada no Livro de Notas n. 3 (1818 a 1821), 2º Ofício, São João del-Rei. Título de Liberdade de Benedita Crioula, passado por Félix Gomes da Silva, escrito em 1820.

 

“Digo eu, Elena Pereira do Espírito Santo, abaixo assinada, viúva que fiquei por falecimento de meu marido Francisco Machado de Tolledo, que, entre os bens que possuo, me ficaram do dito meu marido, livres e desembaraçados, é bem assim um crioulo por nome Bento, filho de minha escrava Luíza crioula, o qual crioulo porque eu mesma o criei de [?] é minha vontade, e sem constrangimento de pessoa alguma, que seja forro, e liberto para o que o coarto em uma libra de ouro que vem a ser cento e vinte oito oitavas, que pagará em seis (Fl. 117) ou sete anos, com a condição, porém, que nunca sairá de minha companhia, e me servirá levando eu em quanto os dias a preço de dois vinténs cada dia que me servir a mim, […] e vá trabalhar fora para outrem, ou em outros serviços fora de mim só por consentimento meu, e dando-me parte, ao que ganhou por fora me trará para eu lhe lançar em recibo a conta da dita quantia em que o coarte, e se eu falecer antes do sobre ditos sete anos, e o dito crioulo ainda restar do seu coartamento, determino, e quero que, em primeiro lugar o dito meu crioulo mande dizer dez missas por alma de meu falecido marido, segundo o apontamento que o mesmo fez em sua vida, e se antes do meu falecimento, o dito meu crioulo Bento me apresentar, ou me der certidão das referidas missas lhe darei em carta, e também dará o dito meu crioulo quatro oitavas ao Procurador ou tesoureiro de Nossa Senhora da Conceição da Ibitipoca, de quem cobrara recibo em como recebeu as mencionadas quatro oitavas para o aumento da mesma capela por ser assim de terminado no apontamento, ou testamento de meu marido que me dizem [?] e o líquido que ficar restando o dito meu crioulo entregara se cuja estiver morta ou falecidas as minhas netas Lourença Anna, e Maria, todas filhas de meu filho Manoel Francisco Machado já falecido, receberão o dito líquido igualmente [?] e quando findos os sete anos não tenha o dito Bento pago, e satisfeito todo o coartamento por inteiro, as ditas minhas netas, eu quem as governa a juízo deverão prudente, lhe darão tempo suficiente para a última satisfação, sem que por falta disso o possam chamar a cativeiro: e desta maneira e debaixo das sobre ditas condições [?] como com efeito tenho coartado ao dito meu crioulo Bento, que poderá por este papel de Corte que lhe passo em juízo, ou antes, ou depois de eu falecer, se ele quiser e me mostrando que tem cumprido todas estas minhas determinações o mesmo juízo, justiças de Sua Alteza Real a quem eu rogo dêem todo o valor, valimento a este papel, como se fosse papel de liberdade, ficando forro e livre como se assim nascesse do ventre de sua mãe.”

Informação encontrada no Livro de Notas n. 3 (1818 a 1821), 2º Ofício, São João del-Rei. Título de Liberdade de Bento Crioulo, passado por Elena Pereira do Espírito Santo, 1821.

Relatos de quem passou por aqui nos anos de 1800

“Aqui tem ouro de aluvião!

O Rio das Mortes, que fica à parte do poente de Vila Rica, na estrada que vai para São Paulo, foi descoberto por Tomé Portes del Rei, natural da Vila de Taubaté, passados bastantes anos, depois dos mais descobrimentos, não porque estivesse remoto, senão porque Deus foi servido dilatar por mais tempo o ampliar seus haveres, pois este rio se passa primeiro vindo de São Paulo, cinco dias de viagem comuns, antes de chegar a Vila Rica, e por ele passavam todos os mais descobridores já referidos, sem fazer nele experiência alguma […] O dito Portes, que se situando na mesma passagem, viveu anos de fabricar mantimentos para vender aos mineiros, que passavam para as minas, ou voltavam para os povoados, fazendo neste negócio altíssimas fortunas, até que pelos cascalhos, que se descobria pelos barrancos do rio, fazendo experiência neles descobriu ouro.”

Afonso de Taunay (1876-1958) foi escritor, historiador e político brasileiro, conhecido por romances históricos, contribuições acadêmicas e atuação política.

“Comarca do Rio das Mortes”

Faço saber a todos os fiéis e generosos Vassalos Americanos desta Comarca que acabo de receber a mais alegre notícia que pode dar-se, aos mesmos Vassalos, de Sua Alteza Real Nosso Augusto e Amabilíssimo Príncipe de que este mesmo Senhor está próximo a chegar à cidade do Rio de Janeiro com toda sua Augusta família[…]: e devendo por tal inesperado acontecimento esperarem do mesmo Augusto Senhor as maiores vantagens e felicidades que podem desejar a um tão Honorífico Magnífico e Paternal Príncipe em quem se admiram reunidas todas as brilhantes qualidades que distinguem todos os verdadeiros Heróis, bem como as que distinguirão entre os mais Monarcas Portugueses aos Senhores Reis Dom João Segundo e Dom José Primeiro. Agora, pois, que estamos para ter uma tão grande e tão distinta e inesperada felicidade, devemos todos com a maior prontidão mostrar o quanto a estimamos, por todos os modos que nos forem possíveis acertando-lhe tudo quanto possa caber nas nossas possibilidades, aprontando lhe naquela cidade, onde se espera o feliz desembarque tudo quanto possa haver nessa Comarca, e principalmente, os gêneros e viveres declarados em uma relação que hoje recebo do Excelentíssimo General desta mais afortunada Capitania: Toucinhos – Carnes de Porco – Arroz – Queijos – Faritear (sic) – Farinha de Mandioca – Feijão e tudo o mais que [ilegível]. Aprontando-se não menos todas as Bestas Muas que forem capazes de todo o serviço próprio […] [ilegível] notório a todos os Tropeiros desta Comarca e em diante não disponham viagem alguma com Licença minha e sem que seja para conduzirem do Rio de Janeiro todos os gêneros que devam a mesma que deve estar fornecida de tudo [ilegível] tão poderoso, tão respeitoso Príncipe Monarca Lusitano, que vem fazer a felicidade do afortunado País […]”

Trecho retirado da Revista do Arquivo Público Mineiro. (Chegada de D. João VI) da Imprensa Oficial de Minas Gerais, de julho a dezembro de 1805.

Relato de viajantes

“Esta vila é cabeça de Comarca; está situada em um vale plano a vinte e um graus e vinte minutos de latitude meridional […]. É cortada pelo meio por um ribeirão, que tem duas pontes. As ruas são vistosas, os templos e mais edifícios têm alguma nobreza.”

Relato de José João Teixeira Coelho, que foi Intendente do Ouro da Capitania de Minas Gerais entre 1768 e 1779. O trecho foi retirado do livro Instrução para o Governo da Capitania de Minas Gerais.

A Mineração

“Anteriormente a ocupação principal era a lavra do ouro e até rochas foram improdutivamente cortadas, como ainda provam grandes covas de mais de 25 metros de profundidade abertas no xisto talcoso, fora da cidade, hoje cheia de água. A extração era tão abundante; encontrava-se ourot em toda parte. Hoje, os habitantes da cidade vivem em geral do comércio (pois toda casa, aqui, tem um armazém, ou uma venda) e da lavoura – cujos produtos são o açúcar, o café, algodão, o milho, a mandioca e um pouco de trigo – e principalmente da criação de porcos. A indústria não tem significado. Não há muitos artífices. Os produtos mais importantes que se fabricam são rústicos chapéus de lã e tecidos grosseiros de algodão (que aqui ocupa o lugar do linho).

Relato de Johann Emanuel Pohl, botânico austríaco conhecido por suas contribuições à flora brasileira. O trecho foi retirado do seu livro Viagem ao interior do Brasil (1817-1821).

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