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Como tudo começou
Linhas do tempo e mapas que mostram um pouco do processo de surgimento de São João del-Rei, sua relevância e sua história.

Ocupação da região de São João del-Rei

Linha do tempo do início da ocupação do território da região de São João del-Rei até o século 19.

Até o século 17

Ocupação indígena

Não há detalhes sobre a população originária da região hoje conhecida como São João del-Rei devido aos apagamentos históricos, à dispersão forçada e ao genocídio dos povos indígenas. Há vestígios de grupos catadores e coletores na Serra do Lenheiro, onde foram encontradas pinturas rupestres que datam aproximadamente de 6.000 a 9.000 anos. Pesquisas também sugerem a existência de comunidades indígenas Catauás (ou Cataguases) e Puris entre o Rio Grande, o vale do Rio das Mortes e as cabeceiras do Rio Paraopeba. Não há, no entanto, documentação sobre as comunidades na região antes da colonização.

1674

1ª expedição ao Sertão mineiro

Durante a colonização, a Coroa portuguesa buscou ocupar e expandir seu domínio no território brasileiro. Assim, financiou tropas bandeirantes, que “abriam caminhos” e exploravam os interiores em busca de ouro, prata e pedras preciosas. As bandeiras, como eram chamadas, invadiam as terras indígenas e se estabeleciam nelas, formando pequenos povoados. A primeira expedição feita aos sertões de Minas partiu de São Paulo em 1674, sob comando de Fernão Dias, alcançando o território atualmente conhecido como Ibituruna, emancipado de São João del-Rei, em 1962.

1701

O Porto Real da Passagem

O Vale do Rio das Mortes foi o local escolhido pelo bandeirante Tomé Portes del-Rei para estabelecer o primeiro povoado da região, o Arraial do Rio das Mortes. Como por ali transitavam muitas expedições bandeirantes, ele foi autorizado a cobrar uma espécie de pedágio, utilizando uma balsa para facilitar a travessia do rio, fazendo com que o local fosse conhecido como Porto Real da Passagem. Grupos de bandeirantes e exploradores de ouro se estabeleceram nos arredores, e logo iniciou-se a construção de uma primitiva capela, que não chegou a ser terminada.

1704

O ouro é encontrado!

O bandeirante e escrivão Lourenço da Costa encontrou ouro de aluvião à margem esquerda do posteriormente chamado Ribeirão São Francisco Xavier. Com a descoberta arraiais foram surgindo: Arraial Velho de Santo Antônio (atual Tiradentes), Arraial do Córrego (Santa Cruz de Minas), Arraial da Ponta do Morro (próximo a Prados) e Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar (centro de São João del-Rei). Foram erguidas moradias e novas capelas, iniciando a ocupação urbana. O Arraial do Rio das Mortes se esvaziou e a população se concentrou nas imediações da atual Serra do Lenheiro.

1714

De arraial a sede da Comarca

Um arraial é um povoamento provisório e muito precarizado. Em 1713, o Arraial de Nossa Senhora do Pilar foi elevado à categoria de vila, tornando-se Vila de São João del-Rei. No ano seguinte, a localidade, situada na então capitania de São Paulo e Minas de Ouro, tornou-se sede da Comarca do Rio das Mortes. Além de São João del-Rei, a comarca abrangia os territórios das atuais cidades de Conselheiro Lafaiete, Juiz de Fora, Formiga e Pouso Alegre, entre outras.

1749

A Vila quer ser cidade

Em março de 1749, a Câmara da Vila de São João del-Rei enviou uma petição ao rei Dom João V para ser elevada a cidade. O rei faleceu em julho de 1750, sem remeter resposta, mas, devido às dificuldades de comunicação da época, a notícia da morte do rei só chegou à vila quase seis meses depois. Então, apenas em 1751, foi enviada nova petição a Dom José I, que também não respondeu ao pedido.

1750 a 1808

Celeiro de Minas Gerais

Em meados do século 18, a economia e a população da vila cresceram rapidamente, devido à busca de ouro na região. Estima-se que, em 1750, São João del-Rei já teria cerca de 3 mil habitantes, mas esse crescimento levou à escassez de comida e elevou os preços dos alimentos em toda a capitania. Em paralelo à mineração, na Comarca do Rio das Mortes, se desenvolveram atividades agropastoris de subsistência, e algumas sustentadas pelo trabalho de escravizados. Entre 1750 e 1808, a produção local de alimentos se destacou, dando à região o apelido de “Celeiro de Minas Gerais”.

1750

Vila é rota comercial

A vila se tornou parte de uma rota estratégica para a economia, a política e a administração da comarca. Era a ligação entre as principais rotas comerciais, por onde se transportavam mercadorias, metais e pedras preciosas: as Picadas de Goiás e o Caminho Velho. No final do século 18, foi criada uma rota mais plana e menos tortuosa para melhorar o transporte das mercadorias, que ficou conhecida como Caminho Novo. Os caminhos Novo e Velho hoje são parte do roteiro turístico Estrada Real, denominação não usada à época.

1780

Ouro acaba e a população triplica

Quando a exploração do ouro começou a decair, toda a capitania passou a enfrentar problemas econômicos. A comarca do Rio das Mortes, porém, não foi tão afetada quanto as demais, por ter se tornado um polo de produção e de distribuição de mercadorias e alimentos. À época, São João del-Rei já se caracterizava pelo dinamismo econômico e era conhecida como entreposto comercial entre Minas Gerais e a corte no Rio de Janeiro. Assim, tornou-se destino de migração local, e a população local deu um salto vertiginoso: foi de 82.781 habitantes para 213.617 habitantes entre 1776 e 1820.

1838

São João del-Rei torna-se cidade

Em 6 de março de 1838, o progresso econômico de São João del-Rei eleva a vila à categoria de cidade, por meio da Lei n. 93. À época, a cidade tinha cerca de 1.600 casas, distribuídas em 24 ruas e 10 praças e, diferentemente das demais vilas mineradoras da época, já tinha desenvolvido consideravelmente suas atividades comerciais. Quem andava pelas ruas da nova cidade se deparava com lojas instaladas em grandes casarões, onde eram comercializados todo tipo de mercadoria: tanto as produzidas na comarca quanto outras, importadas.

1881

Inauguração da EFOM

Em 28 de agosto, Dom Pedro II e toda a comitiva imperial se dirigiram a São João del-Rei para inaugurar, na cidade, o ramal inicial da Estrada de Ferro Oeste de Minas (EFOM). A linha inaugural da EFOM partia da Estação de Sítio, na atual cidade de Antônio Carlos (MG), e ia até São João del-Rei. Em Sítio, se conectava à Estrada de Ferro Central do Brasil (EFCB), que saía do Rio de Janeiro, o que contribuiu para que a economia da região se tornasse ainda mais dinâmica, facilitando a chegada e a saída de produtos alimentícios, matérias-primas e bens materiais.

1850 a 1885

Leis Abolicionistas

O contexto social, econômico e político do final do século 19 promoveu a assinatura de leis como a Eusébio de Queirós, em 1850, proibindo o tráfego negreiro; a Lei do Ventre Livre, de 1871; e a Lei do Sexagenário, em 1885. As leis de caráter abolicionista trouxeram uma série de mudanças nas relações sociais e de trabalho nas vilas e cidades. Nesse sentido, a transição da mão de obra escravizada para um sistema assalariado criou desafios para os grandes proprietários de terras, desencadeando uma crise no setor agrícola.

1886

Crise e queda nos preços do café

A crise agrícola agravou-se com a queda nos preços internacionais do café, que impactou diretamente a economia brasileira, excessivamente dependente desse produto. A situação piora ainda mais com a escassez de crédito para os agricultores, o que acaba levando a uma crise bancária. Naquele período, como consequência da crise e da chegada da ferrovia à cidade, São João del-Rei passava por uma reestruturação de sua economia, ampliando o setor industria

1888

A Lei Áurea é assinada

Assinada em 13 de maio de 1888, garantia a liberdade das pessoas escravizadas no Brasil. Mas, como não foi acompanhada de medidas de inclusão social a integração das pessoas negras no mercado de trabalho foi prejudicada, gerando segregação urbana e agravando a discriminação racial. Em São João del-Rei, desde 1860, houve uma grande transferência de escravizados para regiões cafeeiras. No entanto, a quantidade de negros e mestiços, libertos ou nascidos livres, que trabalhavam na indústria nascente, nos campos ou em prestação de serviços, era significativa.

São João no mapa

Região das Minas Gerais

Crédito Desconhecido, Século 18. Acervo de World Digital Library.

Carta Chorographica da provincia de Minas Geraes

Crédito Frederico Wagner, 1855. Acervo do Ministério das Relações Exteriores.

Mappa da Capitania de Minas Geraes

Crédito desconhecido, 1810. Acervo da Biblioteca Nacional.

Parte do novo mapa da Capitania de Minas Gerais

Crédito Wilhelm Ludwig von Eschwege, 1822. Acervo da Biblioteca Nacional.

05

Província de Minas Gerais: segundo projecto de nova divisão do Império pelo deputado Cruz Machado

Crédito José Ribeiro da Fonseca Silvares, 1873. Acervo da Biblioteca Nacional.

Mapa da capitania de Minas Geraes: com a deviza de suas comarcas

Contribuidor José Joaquim da Rocha, 1778. Acervo da Biblioteca Nacional.

Mapa da viação do Estado de Minas Geraes, publicado no período presidencial do Dr. Washington Luís

Crédito Inspetoria Federal das Estradas Brasil, 1928. Acervo da Biblioteca Nacional.

Mappa da provincia de Minas Gerais Levantado pelo Coronel E. G. Barão d'Eschwege

Crédito Wilhelm Ludwig von Eschwege, 1826. Coleção Benedicto Ottoni. Acervo da Biblioteca Nacional.

Estado de Minas Gerais: cartograma da rede de viação férrea, estradas de rodagem, linhas do telégrafo nacional e vias de navegação fluvial

Crédito Diretoria de Estatística Geral, outubro de 1930. Acervo Arquivo Nacional.

Atlas do estado de Minas Gerais

Crédito Comissão Geográfica de Minas Gerais, 1895-1899. Acervo Arquivo Nacional.

Planta geral da Estrada de Ferro Central do Brasil

Crédito Governo do Estado do Rio de Janeiro, 1890. Acervo Arquivo Nacional.

Mapa de São João del-Rei Século XVIII

Crédito Geraldo Guimaraes em São João del-Rei: Século XVIII – História sumária, 1996.

Linha do tempo século 20

Linha do tempo descrevendo acontecimentos relacionados ao funcionamento do trecho de São João del-Rei no século 20

1920

Sede da EFOM é transferida para Belo Horizonte

Após anos de operação e do alargamento da malha ferroviária da EFOM, sua sede sai de São João del-Rei, e Belo Horizonte é escolhida como nova sede. Em 1920, os escritórios da Estrada de Ferro Oeste de Minas foram transferidos ao edifício da Equitativa, localizado próximo de onde hoje fica a Praça Sete. Essa mudança foi muito forte para a comunidade são-joanense e, principalmente, para a comunidade férrea.

1931

Extinção da EFOM

Em janeiro de 1931, a EFOM deixa de ser federal. É arrendada, então, pelo governo de Minas Gerais, formando a Rede Mineira de Viação (RMV).

1931

Transformação em RMV – Oeste

À linha de operação da EFOM – que se transformou em Rede Mineira de Viação Oeste (RMV – Oeste) –, o governo de Minas juntou a operação da Rede Sul Mineira, antiga RSM, formando a RMV – Sul, que operava na região Sul de Minas Gerais.

1938

Unificação da RMV

O Decreto-Lei n. 132, de 23 de setembro de 1938, unificou as operações das divisões Sul e Oeste da RMV, a fim de centralizar as atividades administrativas exercidas.

1953

Juscelino devolve a RMV à União

Quando Juscelino Kubitschek foi eleito governador de Minas Gerais, acordou com o então presidente Getúlio Vargas a devolução da RMV à União, ficando ela sob responsabilidade do Ministério de Viação e Obras Públicas a partir de 1953.

1957

Criação da RFFSA

Em seu mandato como presidente, Juscelino Kubitschek criou a Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA) com a integração de diversas linhas férreas do país. Ela deveria se tornar uma empresa de capital aberto, na qual o governo teria 51% das ações, o que não se concretizou.

1975-1984

Construção da Usina de Itaipu

Após anos de planejamento e logística, teve início a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu. Isso gerou uma grande necessidade de mão de obra e de material de construção no país. A demanda foi suprida, em partes, pelo transporte ferroviário, principalmente no carregamento de cimento. A fábrica de cimento de Barroso, atendida pela EFOM, era fornecedora dessa matéria-prima para construção de Itaipu.

1981

Centenário da EFOM

Em 28 de agosto de 1981, foi celebrado o aniversário de 100 anos da inauguração da EFOM. Na data, foram inaugurados o Museu Ferroviário e a Praça dos Ferroviários, em São João del-Rei.

1982-1983

Desativação da linha Antônio Carlos a Aureliano Mourão

Com a diminuição da operação da linha férrea, várias estações e ramais já estavam em desuso. Com isso, em 1983, a linha que ligava São João del-Rei a Antônio Carlos e Aureliano Mourão, passando pela Avenida Leite de Castro, foi desativada.

1984

Começa o trem exclusivamente turístico

Em 1984, foi erradicado todo o trecho de Aureliano Mourão a São João del-Rei e de Antônio Carlos a Tiradentes, resultando na permanência apenas do trecho de São João del-Rei a Tiradentes, considerado como um bem cultural, o que validou seu funcionamento como atração turística.

1989

Tombamento pelo IPHAN

Após constantes ameaças ao patrimônio cultural, a pressão popular impulsionou o tombamento do Complexo Ferroviário de São João pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o IPHAN. Assim, o conjunto é contemplado no livro do tombo como representativo de uma modalidade de transporte importante para a história do país.

1992

Programa de desestatização

No ano de 1992, o então presidente Fernando Collor de Mello criou um programa de desestatização que incluía a Rede Ferroviária, sendo a EFOM ameaçada de fechamento.

1996

Ferrovia é leiloada

A partir do processo de privatização, as malhas ferroviárias foram divididas em regiões e concedidas à iniciativa privada por meio de leilões. Assim, a Ferrovia Centro-Atlântica S.A (FCA S.A.) passou a ser responsável por alguns trechos nos estados da Bahia, de Minas Gerais, de Goiás, do Espírito Santo, de São Paulo e do Rio de Janeiro. Os remanescentes da EFOM permaneceram em uma espécie de limbo jurídico, operada pela RFFSA, mas com equipagem “emprestada” pela FCA.

2001

O Grupo Vale assina a cessão de uso da ferrovia

Em 2001, a FCA S.A., parte do Grupo Vale desde 1999, assinou um Termo de Uso a Título Precário para a operação do trem turístico em São João del-Rei.

2011

FCA torna-se VLI

Em maio de 2011, a VLI foi fundada e incorporou a Ferrovia Centro-Atlântica S.A., ou FCA S.A., como uma empresa de capital fechado focada no transporte ferroviário e em logística.

2024

Inauguração do Estação de Memórias São João del-Rei!

Em junho de 2024, o programa Estação de Memórias é inaugurado na Estação de São João del-Rei, como espaço de memória ferroviária. Trata-se de uma iniciativa da VLI Logística, com apoio do IPHAN, realizada pela AIC – Agência de Iniciativas Cidadãs.

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