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A ferrovia foi a minha vida
Neste módulo pretendemos apresentar um pouco do que faz a vida de um ferroviário, de acidentes a festas, a vida dos trabalhadores da ferrovia parece estar constantemente sendo transformada pelo trem. ​ A vivência do dia a dia com os colegas e os casos engraçados, e cada um com sua história pra contar. Mas, também importante, é a prevalência do amor pela máquina e pelo trabalho que fica na memória dos que ali passaram.​

Boa tarde, viajantes! Como estão? Meu nome é Emídio Giarola, nasci há muito tempo, lá em 1914, e sou maquinista da maria-fumaça

- Emidio Giarola

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Amantes de trem

É inegável a importância que o trem a vapor – ou maria-fumaça, como é mais conhecida – tem para São João del-Rei. A máquina povoa a infância e a memória de várias pessoas e famílias, desde aquelas que moraram na beira da linha às que, de longe, ouvem o som do apito do trem que se espalha pela cidade. O fascínio com o funcionamento do trem e a oportunidade de se aproximar da história por meio da ferrovia são atrativos que podem começar a explicar o deslumbre da população. Para entender por que a locomotiva permanece como um grande símbolo da cidade e como marco geral da nossa história nacional, é preciso entender esse interesse da população em manter vivas a técnica e a tradição do trem.

“Quando eu ouço o apito de longe eu me arrepio. Já fico doido para procurar uma forma de ver a locomotiva. Mesmo que passe ali trezentas vezes, no mesmo lugar, mesma máquina, mesma coisa, eu sempre vou querer ver. É como se o apito fosse uma voz, a bomba de ar fosse o coração, o barulho como fosse o andar da máquina, então a relação vai humanizando.”

Relato de Gustavo Zenquini, auxiliar de mecânico industrial, pesquisador e morador da cidade

“Eu ficava lá, como aqueles moleques bobões olhando na época, quase não falava, mas via o trem e ficava encantado. Isso daí desde molequinho, é aquela frase do Hobsbawm, “a serpente aplumada que cuspia fogo”.”

Relato de Bruno Campos, pesquisador e morador da cidade

“Às vezes, estou na oficina limpando as máquinas, pois sou meio enjoado com elas e gosto de ver as máquinas brilhando, igual os antigos. Eu faço questão disso! Minhas máquinas, quando eu estou nelas, tem que estar limpinhas, entendeu?”

Relato de Alexandre Campos, inspetor de tração e maquinista

“Nossa, eu olhava a locomotiva como se fosse um cometa Halley. Então, a memória que eu tenho, é de achar aquilo ali uma coisa exuberante. Como é que pode um negócio desse movimentar andar?”

Relato de Francisco Marques, supervisor de mecânica aposentado

“Minha família se mudou para cá em março de 1970, e fomos morar na Avenida Tiradentes, atrás da Estação Ferroviária. E uma das coisas que me marcou foi a maria-fumaça. É que toda manhã bem cedo, por volta das cinco horas, ela apitava, apito alto e longo. Era a primeira partida, mas ela apitava assim várias vezes ao dia, sem folgar, de segunda a sexta, bem como aos sábados, domingos e feriados. Ela apitava nas partidas e nas chegadas e eu, adolescente que era, ficava impressionada. Até hoje me emociono com o apito do trem. Moro atualmente numa rua defronte à Rotunda e, quando ouço o apito da maria-fumaça, corro para a janela para vê-la passar: eu e minhas netas, quando elas na minha casa estão.”

Relato de Maria Marcia Silva, funcionária pública aposentada e moradora da cidade

“O ferroviário tem extremo orgulho de ter trabalhado que nem maluco. Eu fico chocado. E nas fábricas e na ferrovia é a mesma lógica. O filho sucede o pai que sucedeu o avô e se fosse o caso tinha bisavô. A relação é afetiva com a máquina, a máquina é amante do maquinista, é como se fosse da família.”

Relato de Paulo Lima, sociólogo e morador da cidade

Trabalho pesado e perigoso

O trabalho ferroviário é um processo complexo, repleto de desafios e contratempos. Longas jornadas de trabalho, necessidade de força braçal e intelectual, além das intempéries – como chuvas e secas – e a vegetação crescendo entre os trilhos faziam parte do cotidiano de trabalho dos ferroviários. Descarrilhamentos, problemas operacionais com caldeiras e maquinários, colisões e condições precarizadas de segurança de trabalho completavam o cenário, especialmente ao longo do século 20. Com o tempo, os mecanismos de fiscalização e segurança foram se aprimorando. Um dos grandes movimentos em busca de valorização da segurança dos trabalhadores foi a organização de Comissões Internas de Prevenção de Acidentes nas companhias, as CIPAs.

“Eu estava com seis anos quando ocorreu o acidente com o caminhão da Coca-Cola. Não foi na estação, foi lá em Matosinhos. Eu estava na praça esperando o trem, isso foi por volta de 1980. O trem vindo, o caminhão de Coca-Cola entrou na linha, então o trem bateu e derrubou o caminhão. E aí foi a alegria da galera. Pessoal subindo no trem, levando Coca-Cola, e era tudo de garrafa de vidro ainda. Minha avó morava ali perto. Teve carrinho de mão para buscar Coca-Cola. Foi muito massa.”

Relato de Bruno Campos, historiador e morador da cidade

“Sempre tinha algum tipo de acidente. Era muito comum, era enchente no rio ou o trem que ficava parado em determinado lugar… Dependendo, neste lugar não tinha como o trem recuar e às vezes você tinha que ir lá rebocar.”

Relato de Francisco Marques, supervisor de mecânica aposentado

“Deve ter começado a vigorar com as exigências em 1974, 1975. Não havia essa análise de acidente, a pessoa machucava, ia lá no médico, ele dava lá dez dias de atestado, e às vezes o acidente não era para tal. Quando foi implantada a CIPA, começamos a dar palestras, ensinar que a pessoa que mexe com solda tem que usar os óculos, luvas, avental… Foi criando mais regras. Mas, do outro lado, tinha a resistência de quem já estava acostumado a só trabalhar sem equipamentos de proteção. E, com a implantação da CIPA, começou a ser investigado. Se alguém se acidentou, nós temos que saber o porquê. Passamos a ter as noções de condição insegura e ato inseguro. E aí começou a educar as pessoas a tomarem cuidado com a execução do serviço prevalecendo a segurança, até o pessoal se acostumarem com isso.”

Relato de Francisco Marques, supervisor de mecânica aposentado

Casas de turma

Entre as estações ao longo do trecho, a cada seis quilômetros aproximadamente havia agrupamentos de três ou quatro casas. Ali moravam, com suas famílias, os ferroviários que trabalhavam na manutenção da linha e os feitores. Esses ferroviários eram responsáveis pela vistoria dos trilhos e pelo monitoramento de possíveis impedimentos para a passagem do trem.

“Eu digo que sou ferroviário desde que nasci. Meu pai trabalhava na via permanente, ou trabalhador de linha, como falamos e morávamos nas casas de turma. Eu nasci quase em cima de um trole, e criado margeando a ferrovia. Ali eu comecei a trabalhar na rede quando as locomotivas eram a carvão. Sempre que os foguistas iam jogar carvão na fornalha e esse carvão caía para fora, a gente catava porque achava interessante. Nossa mãe usava esse carvão para passar roupa e o resto a gente vendia. Havia algumas pessoas que compravam. Eu fui crescendo as margens da ferrovia e passei a levar almoço para o meu pai, quando ele trabalhava ao longo da linha. Ali a gente morou.”

Relato de Francisco Marques, supervisor de mecânica aposentado

“Meu pai era ferroviário, trabalhava nas turmas de 1948 até 1971, ano em que faleceu. Na época que eu nasci, ele morava nas turmas de Padre Brito. Seu nome era Antônio Barbosa da Silveira, mas era conhecido como Bemden. Quando os trens passavam apitando, lá nas turmas, meu pai falava sempre isso: “Você ainda vai ser maquinista, sabe?”. Só que não deu tempo de ele ver, porque ele morreu em 71 eu entrei em 76.”

Relato de Moacir Silveira, maquinista aposentado

Lazer dos Ferroviários

A amizade e o companheirismo dos ferroviários são um dos grandes pilares do trabalho no trem, e não só nos momentos da operação, quando o trabalho em equipe é essencial para a realização das tarefas que garantem o bom funcionamento na ferrovia. Depois que a sirene do final do expediente toca, nos momentos de descanso, o que ficava eram os amigos, as brincadeiras e as parcerias. Dos times de futebol que competiam no Torneio das Fábricas no 1º de Maio à tranquilidade da pesca e dos piqueniques, do bloco de Carnaval Unidos da Chagas Dória à festa da Santíssima Trindade, em Tiradentes, esses momentos de lazer estendiam a relação entre os ferroviários para além do horário de trabalho.

“Foi bom trabalhar na ferrovia. Era uma profissão boa. Pessoal bom, viu? Era um trabalho divertido e alegre. Os companheiros eram todos alegres. Nós viajávamos com os colegas, já trabalhei em Divinópolis e em Aureliano Mourão.”

Relato de Sebastião Florêncio, maquinista aposentado

“O que eu sinto mais falta é das amizades, dos amigos. No alojamento, tinha dia que chegavam 20, 30 pessoas, vários maquinistas, tanto aqui como em Aureliano Mourão. Aí tinha de cozinhar todo mundo junto. Havia só uma televisão mesmo, havia três camas num lugar só, então você conversava com os colegas até tarde.”

Relato de Moacir Silveira, maquinista aposentado

Horários, Escalas e Rotina de Trabalho

O apito do trem e a sirene da estação marcaram, por muito tempo, a vida dos ferroviários e dos moradores. São João del-Rei ainda é conhecida como a cidade dos sinos que, por muitos anos, regeram a passagem de tempo por aqui. Com a chegada da locomotiva, a marcação da hora passou a ter relação também com essa máquina. Assim, saber a que horas o trem saía ou chegava fazia parte do cotidiano da cidade. As várias viagens do dia levavam a maria-fumaça para diversos cantos de Minas Gerais: Barbacena, Barroso, Lavras ou Antônio Carlos. Os dias de trabalho eram longos, podendo durar o tempo necessário para finalizar uma viagem que percorria morros e paisagens do interior. Os ferroviários ficavam por prolongados períodos fora de casa, sem ver a família. E logo que chegavam tinham que ver lá na estação qual seria a sua próxima partida.

“Tinha uma escala aqui em São João del-Rei divulgada todo dia na parte da tarde. O escalador, que também era o maquinista mais velho, um supervisor, fazia a escala e colocava ali no portão. O muro era vazado então nós poderíamos ir lá à noite e da rua a gente lia a escala do outro dia. Se você fosse lá mais cedo entrava para ver ou falava com um filho: “vai lá ver a escala pra mim, ver onde que eu estarei”. A escala era para o dia todo, o trem saia para qualquer destino independente do horário, como: 14h15, 16h para Barroso e 2h10 da madrugada para o Aureliano Mourão.

Relato de Luthero Castorino, maquinista aposentado

“Chegávamos uma hora, uma hora e meia antes para preparar a locomotiva para sair. Ou seja, abastecer de água, conferir o óleo ou a lenha (na época da lenha), lubrificar e conferir bagagem. Andar com a locomotiva no pátio para ver se não tem peça sobrando, caindo, sentir o barulho da máquina que saiu da oficina. Encostar na estação e aguardar a partida. E assim também na volta, lá em Aureliano Mourão ou Antônio Carlos, por exemplo, ou outro destino. Onde a gente pernoitava preparávamos a máquina para dormir. Por isso o ciúme, a máquina era do maquinista.”

Relato de Moacir Silveira, maquinista aposentado

 

Quem faz o trem rodar

Casos

Pedacinhos de jornal

Eu me lembro de uma história que meus pais adoravam me contar. Uma vez estávamos viajando de trem, de Barbacena para São João del-Rei, quando ele descarrilhou. Já era bem tarde, o trem teria de ficar lá a noite toda até resolverem o problema. Papai me contou que ele foi passando de lugar em lugar e falava: “Cê tem um pedaço de jornal para me dar?”. “Ah, só tem esse pedaço pequenininho”, alguns respondiam. Ele foi juntando os pedaços e me embrulhou neles. Fiquei toda enroladinha em jornal para me manter aquecida. Ele trabalhava em gráfica e falava que esse era o poder do jornal, que ele também tinha o poder do aquecimento. Então, naquela noite, eu, ele e mamãe dormimos na beira da estrada, mas eu fui a única que não passou frio.

História cedida por Maria Lúcia Monteiro Guimarães, professora aposentada e moradora da cidade

Dar de beber à máquina

Uma vez um ferroviário das antigas foi trabalhar como foguista com outro ferroviário das antigas, ambos eram bastantes sistemáticos. Era comum, durante o trabalho, os maquinistas fazerem um sinal com a mão, indicando ao foguista para dar uma olhada na máquina, ver se tinha água na caldeira. Nesse dia, o maquinista fez um sinal parecido para o foguista, mas pedindo para o foguista fazer café para ele. Então, o foguista entendeu que era para colocar água no injetor da máquina. Quando o trem parou, o maquinista perguntou: “O que que você fez? Você não viu que eu pedi café?”. E o foguista respondeu: “Esse sinal que você fez é para dar de beber à máquina. Agora, se o senhor quiser tomar um café eu faço, mas pede com respeito!”.

História cedida por Hugo Caramuru, aposentado e morador da cidade

Fino Congo, pinga e torresmo

Um engenheiro chegou avisando ao pintor: “Não vai beber não, trabalha aí, pinta a estação e vem no último trem”. E o pintor respondeu: “Não, pode deixar doutor, não vou beber”. Mas em toda estação tinha pinga e torresmo, assim ficava complicado se segurar. Então o pintor ficou bebendo e conversando a tarde toda. Um maquinista chegou e falou que o último trem já estava saindo. Aí o pintor respondeu: “Espera aí que eu vou pintar aqui rápido, porque eu preciso voltar pra casa ainda hoje”. Ele correu, pintou e foi embora no trem. No dia seguinte, o engenheiro chamou ele e disse: “Eu falei para você não beber e você foi lá e bebeu”. Daí ele respondeu: “Que isso, doutor, eu fiz tudo direitinho!”. O engenheiro: “Então, por que que está escrito Fino Congo em vez de Congo Fino? Vai no próximo trem e conserta.”.

História cedida por Hugo Caramuru, aposentado e morador da cidade

Procura-se um vagão

Os vagões eram todos numerados, havia sempre uma pessoa que ficava responsável por fazer essa pintura. E meu pai, Manoel Gradinha, trabalhava como pintor da ferrovia. E um belo dia sumiu um vagão. Como era um vagão de bitolinha, podia estar desde Aureliano Mourão, no Km 102, até Antônio Carlos, no Km 0. O pessoal procurou pelo vagão e nada dele, sumiu, ficou um bom tempo perdido! Sempre que um trem sai, o chefe da Estação põe, em uma prancheta, o número da máquina, o nome do maquinista e os números dos vagões que estão indo. Esse número indicava para onde o vagão que estava indo e onde tinha de ficar. Era um controle. Aí, um belo dia, o chefe estava conferindo lá na prancheta e de repente viu o mesmo número. Ele tinha pintado o mesmo número em dois vagões que estavam circulando por aí, andando sem ninguém perceber.

História cedida por Adalmir José da Silva, pintor e morador da cidade

Parabéns, 68!

Estava eu e mais alguns amigos e foi quando a locomotiva 68 fez 80 anos. Aí nós compramos um bolo para ela, para cantar parabéns para a máquina. Na hora, a turma cantou os parabéns, aí um colega falou: “Agora nós vamos comer o bolo, né?”. Era um desses bolinhos de padaria, comuns. Abri a tampa da fornalha, joguei o bolo lá dentro. Afinal, o bolo de aniversário era dela. O aniversário era dela, se nós quiséssemos comer bolo que comprássemos outro para nós. O bolo foi parar dentro da máquina, e o pessoal ficou bravo comigo.”

História cedida por Alexandre Campos, inspetor de tração e maquinista

Peixes e o espinho de coqueiro

Estávamos no penúltimo trem quando passamos perto de uma lagoa aqui em Congo Fino. Estava na época de outubro, as lagoas baixando… aí um colega falou “Nossa senhora!”, e pediu para parar o trem. Aplicaram o freio e foram ver o que estava acontecendo. Eram peixes! Vários peixes em uma lagoa que estava secando! Eu vi todo mundo descendo correndo, como um arrastão, e todos pegaram muitos peixes. Nesse momento, o Nelson pisou num espinho de coqueiro, que os fazendeiros jogam para o pessoal não pegar os peixes. Esse espinho enterrou no pé dele e saiu na parte de cima. Nisso, a turma levou ele lá para o carro, correndo. Ele estava gritando de dor. Aí o Luiz Gonzaga falou: “Vamos dar um jeito nesse espinho aqui mesmo”. Esse tipo de espinho você não pode puxar ele para baixo, tem que puxar ele para cima, porque tem umas garrinhas. É preciso operar, fazer cirurgia para tirar. Aí ele falou: “Não, eu dou um jeito aqui”. Foi lá, buscou um litro de pinga, pôs um copaço, mandou o Nelson beber. E falou: “Morde esse pano aí!”, pegou o alicate aí puxou o troço para cima, tirou mesmo. No outro dia o cara já estava andando! Estava bom. Pensei comigo: “Puxa vida, para quê plano de saúde? É só pinga, pinga sarou o cara!”. A gente foi comendo peixe no caminho e ao chegar lá na estação de Congo Fino tivemos de dar um bocado para os outros, porque tinha muito e não havia geladeira. Aí fizeram tipo um varal de arame para secar os peixes. Assim, eles ficam iguais a um bacalhau. Fomos a viagem toda jogando baralho e comendo peixe.”

História cedida por Moacir Silveira, maquinista aposentado

Você viu um trem passando por aqui?

Uma vez que a locomotiva saiu movimentando sozinha aqui. Na locomotiva, até quando eu chefiava, era colocado um sistema de calçadeiras, justamente para evitar essa situação. Se na locomotiva tiver algum vazamento num tubo condutor de vapor, é arriscado de ela sair movimentando sozinha . Com a locomotiva n. 1 aconteceu isso, pois ela estava com problemas. Ela ficava ali só para dar mamadeira para outras locomotivas. Ela ficava sempre acesa, e dela era tirado o vapor para colocar em outras. Havia alguns vigias que trabalhavam e ficavam tomando conta do pátio das oficinas. Então, numa noite, eles a deixaram com pressão, e ela saiu sozinha. Quando o vigia ouviu o barulho, ela já estava lá no portão, saindo sozinha. Arrebentou o portão e foi embora! O vigia saiu correndo à noite pela rua, perguntando se não viram um trem passando. Ela foi parar na Casa da Pedra, lá perto de Tiradentes, porque o excesso de vapor que tinha na caldeira acabou, sozinho. E ela foi longe, porque ela estava com a autonomia boa de vapor. Estava indo do jeito dela ali, até consumir o vapor todo. E o vigia atrás dela, correndo, perguntando se alguém não viu um trem passando.”

História cedida por Francisco Marques, supervisor de mecânica aposentado

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