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Esse mapa foi construído com base nos relatos de memória e algumas fotografias que registraram o entorno da Estação Santa Luzia ao longo do século 20. Nele a Estaçãozinha ganha destaque, por representar o ponto de partida de muitas transformações percebidas no bairro São João Batista com o passar dos anos. Trata-se de um mapa afetivo, que não representa os marcos com georreferenciamento.

Mapa do entorno de Santa Luzia

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Estação

A Estação Ferroviária Rio das Velhas, que depois passou a se chamar Santa Luzia, foi construída no encontro da Praça Presidente Vargas, que à época abrigava um coreto, com a rua Felipe Gabrich, ocupando local de destaque no ponto mais elevado da praça. 

As casas dos Ferroviários

As residências dos ferroviários eram construídas junto ao complexo da estação, durante a administração da Estrada de Ferro Central do Brasil. Com tamanhos diferentes, essas casas eram ocupadas de acordo com a hierarquia do trabalho ferroviário. Em Santa Luzia, essas casas foram construídas onde atualmente se localiza a Rua Barão do Rio Branco. A de nº 16 era destinada ao agente de estação, a de nº 48 era ocupada pelo Mestre de Linha e a de nº 80 era reservada ao Chefe de Estação. 

Quando eu mudei aqui pra essas casas da Central eu tinha oito anos. Nós fomos morar na casa onde o chefe da estação morou antes, ai ele passou pra a outra, a de chefe. A do meio é do mestre de linha e a outra do agente, lá perto da linha mesmo, perto da travessia. Marialba de Melo, filha de ferroviário e moradora de Santa Luzia. 

Fábrica de Sabão

Situava-se na atual rua Felipe Gabrich, localizada à beira da linha férrea, na atual Travessa Dona Quita. Em um espaço onde os vagões eram estacionados, ocorria a distribuição em larga escala do sabão ali produzido. A fábrica não apenas atendia às demandas locais, mas também desfrutava de uma reputação que se estendia para além dos limites da cidade, contribuindo assim para a economia local, fortalecendo a presença da comunidade no cenário industrial e comercial, tanto dentro do estado de Minas Gerais, quanto fora dele. 

Rua do Comércio

Importante centro comercial da cidade, teve seu desenvolvimento diretamente ligado à chegada do trem de ferro em Santa Luzia. Geograficamente, paralela à estação, essa rua tornou-se o berço de estabelecimentos comerciais de todo tipo que desempenharam um papel crucial na formação da memória afetiva da região para os moradores locais. Muitos desses comércios foram criados pelas famílias que até hoje vivem nas residências, misturadas ao intenso movimento comercial. Nessa rua também se localizava o Grupo Escolar Santa Luzia. O antigo sobrado, já demolido, abrigou ainda o Hotel Adão, antes de se tornar escola. 

Clube Social 33

O Clube Social 33 reunia a juventude luziense, em especial dos moradores do bairro São João Batista. Representou um importante centro de cultura local, com a organização de bailes e até desfiles de carnaval. 

“Depois, você tem uma escola de samba, tinha um clube aqui chamado “33”. Então, esse clube criou a escola de samba Unidos da Ponte, e a gente ensaiava aqui nesta rua (Rua Felipe Gabrich, de frente para a estação).” Sandra Gabrich, moradora de Santa Luzia, que frequentava a estação. 

“Eu nasci em Santa Luzia, ali na Rua do Comercio, hoje onde é aquela padaria. Depois nos mudamos para a primeira casa da central do Brasil. Quando você entrava no pátio dava para ver três casas, nós morávamos na primeira. Foi ali que eu me dei por gente. Rua Barão do Rio Grande, 16. Foi ali que eu perpetuei minhas maiores barbaridades ferroviárias.” Lúcia Massara, filha de ferroviário  

“Ainda nos anos [19]50 a sociedade jovem da Ponte, vendo a necessidade de um local para encontros sociais, reunindo um grupo de trinta e três sócios, no ano de 1957 fundou o Clube Social 33, para suas atividades, conseguiu-se a loja de propriedade de José Massara (Duca Massara), situada na Rua Rio das Velhas, entre a linha férrea e a Rua do Comércio, ali, por mais de uma década, foram realizadas várias horas dançantes, vários bailes e festas carnavalescas.” Álvaro Moreno Diniz Filho, ex-vereador, em seu livro de memórias “Santa Luzia: Minha terra, sua história, histórias de minha terra”.  

Paróquia São João Batista

A história do bairro São João Batista também é marcada pela passagem do Padre Felisberto que, já no início da década de 1960, propôs significativas transformações de cunho social e cultural para a região e para a comunidade da paróquia São João Batista. Sua passagem foi relativamente curta, tendo atuado como pároco na cidade de 1960 até 1965. Antes de começar seu trabalho no bairro, toda a vida religiosa se concentrava na parte alta da cidade, onde se localiza a igreja Matriz. A fundação da Paróquia São João Batista, em 1960, movimentou a parte baixa da cidade, nos aspectos religioso, cultural e social. Ao se perceber a necessidade de um espaço para festas e encontros da própria comunidade, adquiriu-se um terreno ao lado da igreja de São João Batista, próximo à linha férrea. Ali, construiu-se o Clube São João, contando com a iniciativa de várias famílias, como os Lara, Massara, Cota, Gabrich, Giovannini, Teodoro, e outras, que organizavam eventos para arrecadar fundos para a paróquia. 

Cine São João

Dentre as ações de maior destaque feitas pelo Padre Felisberto, com grande reconhecimento dos moradores da cidade, está a construção e gestão do Cine São João que, diariamente, movimentava dezenas de pessoas na praça em frente à estação ferroviária. Boa parte dos moradores da época tem alguma história ou relação de afeto com o que acontecia no cinema. De acordo com os relatos, o padre fazia questão de que todos frequentassem o espaço. Ele criava gincanas para que as pessoas tivessem acesso livre, como por exemplo, destacar uma cor de roupa a cada semana. Aqueles que estivessem usando a cor escolhida, tinham entrada gratuita no cinema. 

“Barraquinhas, bingos, eleições de Rainha da Primavera, festas juninas, leilões, principalmente com a ajuda dos fazendeiros nas festas de São Sebastião, foram meios usados para arrecadação […], não só para a construção do espaço, como também para a montagem de toda a estrutura. Dos anos [19]60, até os dias de hoje, o Clube São João vem sendo utilizado na realização de festas não só da paróquia, como também particulares. Ali no passado, também, horas dançantes e bailes carnavalescos, além de bailes sociais, deram a oportunidade de diversão à sociedade, não só da Ponte, como de toda a cidade.” Álvaro Moreno Diniz Filho, ex-vereador, em seu livro de memórias “Santa Luzia: Minha terra, sua história, histórias de minha terra”. 

Paróquia São João

O Padre Felisberto também foi responsável pela criação do grupo de jovens na paróquia, além de ter promovido feiras e eventos que engajavam a comunidade e movimentavam a vida religiosa da região. Suas ideias foram vistas por muitos como revolucionárias. A pintura da igreja sede da paróquia com cores vibrantes e a utilização de pessoas reais nas representações da Semana Santa, por exemplo, para simbolizar o pecado etc., foram ações que provocaram sentimentos diversos entre os fiéis, colocando em xeque as noções de certo e errado da época. 

“…eu tinha dez anos de idade e foi a primeira Semana Santa que ele fez, isso em 1962. Começaram as figuras vivas e eu saí vestida de pecado, era a avareza. [rindo] pode uma coisa dessa?” Sandra Gabrich, moradora de Santa Luzia, que frequentava a estação. 

“…tinha um dia na semana que quem vestisse por exemplo a cor verde, não pagava[…] aí tinha o cartaz ‘Cor de hoje: Verde’ e a pessoa não pagava.”   

Maria Vicentina Massara, moradora de Santa Luzia, que frequentava a estação. 

O curral e os bois

O espaço descampado ao lado da estação, apelidado carinhosamente pelos moradores de “curral”, foi cenário de muitas histórias protagonizadas por aqueles que viveram à época do funcionamento do trem de passageiros na cidade. O apelido foi dado por se tratar do local, onde, antes da construção do Frigorífico Minas Gerais, os bois eram descarregados dos trens quando chegavam à cidade. Ali, muitas partidas de futebol foram jogadas, amizades foram feitas e memórias preciosas foram criadas. As recordações dos moradores mais antigos destacam a importância do local na construção da identidade coletiva do bairro. 

“E aquilo ali pra nós era uma festa, porque a gente ficava atentando os bois pra fugir, pra fazer festa pra nós. Tinha ali o time do curral […] o pessoal ali ficava danado porque a gente ia pra lá jogar bola e levantava uma poeira danada. […] e era briga comendo e a vida correndo, era a diversão mesmo que tinha na época.”  José Carlos, morador de Santa Luzia e frequentador da estação. 

Quanta saudade! Tinha também o curral da Central do Brasil, todo gramado. Quando não estava cheio de bois, era o campinho da turma. Até as meninas jogavam, completando o time. Tudo era festa. De madrugada, gostava de ouvir o barulho do trem chegando à estação. E eu me via lá dentro, nos primeiros vagões, um passageiro de todas as noites.” João Bosco Gabrich Giovannini, morador de Santa Luzia e frequentador da estação, no texto “Lembranças”, de sua autoria. 

Estação Rio das Velhas / Santa Luzia

Sua abertura ocorreu em 1893, antes mesmo da inauguração de Belo Horizonte como nova capital de Minas Gerais. Fazendo parte da linha do Centro, atendia ao objetivo de integração nacional por meio da malha ferroviária que se expandia no Brasil, ao longo do século 19.  

Estação de Carreira Comprida e a Abertura do FRIMISA

O projeto de construção do Frigorífico Minas Gerais S/A (Frimisa), abrigava um extenso complexo. Faziam parte dele um edifício de 4 andares, no qual se localizava o matadouro, além de outro edifício com 5 andares, com as instalações do frigorífico. Havia também edificações de estruturas auxiliares como curral, carpintaria, oficina, galpão de desinfecção de vagões e uma série de outras estruturas necessárias ao funcionamento do empreendimento. 

O Frimisa foi desativado em 1988. Após um período de aproximadamente 10 anos de abandono, a estrutura administrativa da Prefeitura Municipal de Santa Luzia passou a ocupar o antigo frigorífico, ali permanecendo até hoje. 

Estação Capitão Eduardo

A Estação Capitão Eduardo, inicialmente erguida em 1912, foi posteriormente demolida. Durante as décadas de 1950 e 1960, viveu uma transformação arquitetônica que resultou na estrutura que observamos hoje. Essa segunda construção substituiu integralmente a edificação original.  

A estação desempenhou um papel crucial no sistema ferroviário, integrando-se ao ramal que conectava Capitão Eduardo à Estação de Carreira Comprida. Essa ligação ferroviária tinha como principal finalidade fazer a conexão com o frigorífico FRIMISA, destacando a importância econômica e logística desse empreendimento na região. 

Ao longo do tempo, a Estação Capitão Eduardo testemunhou mudanças significativas, não apenas em sua estrutura física, mas também em sua função e importância dentro do contexto local. A narrativa da evolução da estação reflete a história do transporte ferroviário na região, assim como o desenvolvimento econômico e industrial que moldou a comunidade ao longo do século 20. 

Estação de Ribeirão da Mata

A estação de Ribeirão da Mata foi inaugurada em 1915, sendo a segunda estação a ser inaugurada em Santa Luzia. Sua construção inicial foi em madeira, mas quase não existem registros que mostrem suas características. 

Em 1989, seu estado de conservação já era precário e a REFFSA optou pela demolição da estrutura, já que aquele trecho da ferrovia não era mais operado no período. A linha foi retirada e, atualmente, restam apenas vestígios da ferrovia no local. 

Estação

A Estação Ferroviária Rio das Velhas, que depois passou a se chamar Santa Luzia, foi construída no encontro da Praça Presidente Vargas, que à época abrigava um coreto, com a rua Felipe Gabrich, ocupando local de destaque no ponto mais elevado da praça. 

As casas dos Ferroviários

As residências dos ferroviários eram construídas junto ao complexo da estação, durante a administração da Estrada de Ferro Central do Brasil. Com tamanhos diferentes, essas casas eram ocupadas de acordo com a hierarquia do trabalho ferroviário. Em Santa Luzia, essas casas foram construídas onde atualmente se localiza a Rua Barão do Rio Branco. A de nº 16 era destinada ao agente de estação, a de nº 48 era ocupada pelo Mestre de Linha e a de nº 80 era reservada ao Chefe de Estação. 

Quando eu mudei aqui pra essas casas da Central eu tinha oito anos. Nós fomos morar na casa onde o chefe da estação morou antes, ai ele passou pra a outra, a de chefe. A do meio é do mestre de linha e a outra do agente, lá perto da linha mesmo, perto da travessia. Marialba de Melo, filha de ferroviário e moradora de Santa Luzia. 

Fábrica de Sabão

Situava-se na atual rua Felipe Gabrich, localizada à beira da linha férrea, na atual Travessa Dona Quita. Em um espaço onde os vagões eram estacionados, ocorria a distribuição em larga escala do sabão ali produzido. A fábrica não apenas atendia às demandas locais, mas também desfrutava de uma reputação que se estendia para além dos limites da cidade, contribuindo assim para a economia local, fortalecendo a presença da comunidade no cenário industrial e comercial, tanto dentro do estado de Minas Gerais, quanto fora dele. 

Rua do Comércio

Importante centro comercial da cidade, teve seu desenvolvimento diretamente ligado à chegada do trem de ferro em Santa Luzia. Geograficamente, paralela à estação, essa rua tornou-se o berço de estabelecimentos comerciais de todo tipo que desempenharam um papel crucial na formação da memória afetiva da região para os moradores locais. Muitos desses comércios foram criados pelas famílias que até hoje vivem nas residências, misturadas ao intenso movimento comercial. Nessa rua também se localizava o Grupo Escolar Santa Luzia. O antigo sobrado, já demolido, abrigou ainda o Hotel Adão, antes de se tornar escola. 

Clube Social 33

O Clube Social 33 reunia a juventude luziense, em especial dos moradores do bairro São João Batista. Representou um importante centro de cultura local, com a organização de bailes e até desfiles de carnaval. 

“Depois, você tem uma escola de samba, tinha um clube aqui chamado “33”. Então, esse clube criou a escola de samba Unidos da Ponte, e a gente ensaiava aqui nesta rua (Rua Felipe Gabrich, de frente para a estação).” Sandra Gabrich, moradora de Santa Luzia, que frequentava a estação. 

“Eu nasci em Santa Luzia, ali na Rua do Comercio, hoje onde é aquela padaria. Depois nos mudamos para a primeira casa da central do Brasil. Quando você entrava no pátio dava para ver três casas, nós morávamos na primeira. Foi ali que eu me dei por gente. Rua Barão do Rio Grande, 16. Foi ali que eu perpetuei minhas maiores barbaridades ferroviárias.” Lúcia Massara, filha de ferroviário  

“Ainda nos anos [19]50 a sociedade jovem da Ponte, vendo a necessidade de um local para encontros sociais, reunindo um grupo de trinta e três sócios, no ano de 1957 fundou o Clube Social 33, para suas atividades, conseguiu-se a loja de propriedade de José Massara (Duca Massara), situada na Rua Rio das Velhas, entre a linha férrea e a Rua do Comércio, ali, por mais de uma década, foram realizadas várias horas dançantes, vários bailes e festas carnavalescas.” Álvaro Moreno Diniz Filho, ex-vereador, em seu livro de memórias “Santa Luzia: Minha terra, sua história, histórias de minha terra”.  

Paróquia São João Batista

A história do bairro São João Batista também é marcada pela passagem do Padre Felisberto que, já no início da década de 1960, propôs significativas transformações de cunho social e cultural para a região e para a comunidade da paróquia São João Batista. Sua passagem foi relativamente curta, tendo atuado como pároco na cidade de 1960 até 1965. Antes de começar seu trabalho no bairro, toda a vida religiosa se concentrava na parte alta da cidade, onde se localiza a igreja Matriz. A fundação da Paróquia São João Batista, em 1960, movimentou a parte baixa da cidade, nos aspectos religioso, cultural e social. Ao se perceber a necessidade de um espaço para festas e encontros da própria comunidade, adquiriu-se um terreno ao lado da igreja de São João Batista, próximo à linha férrea. Ali, construiu-se o Clube São João, contando com a iniciativa de várias famílias, como os Lara, Massara, Cota, Gabrich, Giovannini, Teodoro, e outras, que organizavam eventos para arrecadar fundos para a paróquia. 

Cine São João

Dentre as ações de maior destaque feitas pelo Padre Felisberto, com grande reconhecimento dos moradores da cidade, está a construção e gestão do Cine São João que, diariamente, movimentava dezenas de pessoas na praça em frente à estação ferroviária. Boa parte dos moradores da época tem alguma história ou relação de afeto com o que acontecia no cinema. De acordo com os relatos, o padre fazia questão de que todos frequentassem o espaço. Ele criava gincanas para que as pessoas tivessem acesso livre, como por exemplo, destacar uma cor de roupa a cada semana. Aqueles que estivessem usando a cor escolhida, tinham entrada gratuita no cinema. 

“Barraquinhas, bingos, eleições de Rainha da Primavera, festas juninas, leilões, principalmente com a ajuda dos fazendeiros nas festas de São Sebastião, foram meios usados para arrecadação […], não só para a construção do espaço, como também para a montagem de toda a estrutura. Dos anos [19]60, até os dias de hoje, o Clube São João vem sendo utilizado na realização de festas não só da paróquia, como também particulares. Ali no passado, também, horas dançantes e bailes carnavalescos, além de bailes sociais, deram a oportunidade de diversão à sociedade, não só da Ponte, como de toda a cidade.” Álvaro Moreno Diniz Filho, ex-vereador, em seu livro de memórias “Santa Luzia: Minha terra, sua história, histórias de minha terra”. 

Paróquia São João

O Padre Felisberto também foi responsável pela criação do grupo de jovens na paróquia, além de ter promovido feiras e eventos que engajavam a comunidade e movimentavam a vida religiosa da região. Suas ideias foram vistas por muitos como revolucionárias. A pintura da igreja sede da paróquia com cores vibrantes e a utilização de pessoas reais nas representações da Semana Santa, por exemplo, para simbolizar o pecado etc., foram ações que provocaram sentimentos diversos entre os fiéis, colocando em xeque as noções de certo e errado da época. 

“…eu tinha dez anos de idade e foi a primeira Semana Santa que ele fez, isso em 1962. Começaram as figuras vivas e eu saí vestida de pecado, era a avareza. [rindo] pode uma coisa dessa?” Sandra Gabrich, moradora de Santa Luzia, que frequentava a estação. 

“…tinha um dia na semana que quem vestisse por exemplo a cor verde, não pagava[…] aí tinha o cartaz ‘Cor de hoje: Verde’ e a pessoa não pagava.”   

Maria Vicentina Massara, moradora de Santa Luzia, que frequentava a estação. 

O curral e os bois

O espaço descampado ao lado da estação, apelidado carinhosamente pelos moradores de “curral”, foi cenário de muitas histórias protagonizadas por aqueles que viveram à época do funcionamento do trem de passageiros na cidade. O apelido foi dado por se tratar do local, onde, antes da construção do Frigorífico Minas Gerais, os bois eram descarregados dos trens quando chegavam à cidade. Ali, muitas partidas de futebol foram jogadas, amizades foram feitas e memórias preciosas foram criadas. As recordações dos moradores mais antigos destacam a importância do local na construção da identidade coletiva do bairro. 

“E aquilo ali pra nós era uma festa, porque a gente ficava atentando os bois pra fugir, pra fazer festa pra nós. Tinha ali o time do curral […] o pessoal ali ficava danado porque a gente ia pra lá jogar bola e levantava uma poeira danada. […] e era briga comendo e a vida correndo, era a diversão mesmo que tinha na época.”  José Carlos, morador de Santa Luzia e frequentador da estação. 

Quanta saudade! Tinha também o curral da Central do Brasil, todo gramado. Quando não estava cheio de bois, era o campinho da turma. Até as meninas jogavam, completando o time. Tudo era festa. De madrugada, gostava de ouvir o barulho do trem chegando à estação. E eu me via lá dentro, nos primeiros vagões, um passageiro de todas as noites.” João Bosco Gabrich Giovannini, morador de Santa Luzia e frequentador da estação, no texto “Lembranças”, de sua autoria. 

Estação Rio das Velhas / Santa Luzia

Sua abertura ocorreu em 1893, antes mesmo da inauguração de Belo Horizonte como nova capital de Minas Gerais. Fazendo parte da linha do Centro, atendia ao objetivo de integração nacional por meio da malha ferroviária que se expandia no Brasil, ao longo do século 19.  

Estação de Carreira Comprida e a Abertura do FRIMISA

O projeto de construção do Frigorífico Minas Gerais S/A (Frimisa), abrigava um extenso complexo. Faziam parte dele um edifício de 4 andares, no qual se localizava o matadouro, além de outro edifício com 5 andares, com as instalações do frigorífico. Havia também edificações de estruturas auxiliares como curral, carpintaria, oficina, galpão de desinfecção de vagões e uma série de outras estruturas necessárias ao funcionamento do empreendimento. 

O Frimisa foi desativado em 1988. Após um período de aproximadamente 10 anos de abandono, a estrutura administrativa da Prefeitura Municipal de Santa Luzia passou a ocupar o antigo frigorífico, ali permanecendo até hoje. 

Estação Capitão Eduardo

A Estação Capitão Eduardo, inicialmente erguida em 1912, foi posteriormente demolida. Durante as décadas de 1950 e 1960, viveu uma transformação arquitetônica que resultou na estrutura que observamos hoje. Essa segunda construção substituiu integralmente a edificação original.  

A estação desempenhou um papel crucial no sistema ferroviário, integrando-se ao ramal que conectava Capitão Eduardo à Estação de Carreira Comprida. Essa ligação ferroviária tinha como principal finalidade fazer a conexão com o frigorífico FRIMISA, destacando a importância econômica e logística desse empreendimento na região. 

Ao longo do tempo, a Estação Capitão Eduardo testemunhou mudanças significativas, não apenas em sua estrutura física, mas também em sua função e importância dentro do contexto local. A narrativa da evolução da estação reflete a história do transporte ferroviário na região, assim como o desenvolvimento econômico e industrial que moldou a comunidade ao longo do século 20. 

Estação de Ribeirão da Mata

A estação de Ribeirão da Mata foi inaugurada em 1915, sendo a segunda estação a ser inaugurada em Santa Luzia. Sua construção inicial foi em madeira, mas quase não existem registros que mostrem suas características. 

Em 1989, seu estado de conservação já era precário e a REFFSA optou pela demolição da estrutura, já que aquele trecho da ferrovia não era mais operado no período. A linha foi retirada e, atualmente, restam apenas vestígios da ferrovia no local. 

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