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Vestígios de povos pré-históricos foram encontrados em diferentes partes da cidade de Santa Luzia. Os achados arqueológicos incluem pinturas rupestres localizadas no Refúgio da Vida Silvestre de Macaúbas. Artefatos em pedra lascada ou polida e objetos cerâmicos também foram localizados nas regiões do Frimisa e de Pinhões.
Uma expedição remanescente da bandeira de Borba Gato implantou o primeiro núcleo de ocupação no local, às margens do Rio das Velhas. A exploração do ouro de aluvião – aquele encontrado no leito dos rios – deu origem ao Arraial de Santa Luzia.
O arraial recebeu pessoas escravizadas que tiveram sua mão de obra utilizada de forma forçada na busca por ouro. A exploração dessas pessoas também se deu no campo e em serviços especializados, como: na construção civil, na carpintaria, na ferraria etc., uma vez que a região não estava entre as mais abundantes em riquezas minerais, firmando-se como importante centro comercial. A presença das populações africanas contribuiu para a riqueza cultural presente em Santa Luzia até os dias de hoje.
Santa Luzia sediou a última batalha da Revolução Liberal, conhecida como Batalha de Santa Luzia. Na passagem do Período Regencial para o Segundo Reinado, a disputa foi protagonizada por liberais e conservadores, com a vitória dos conservadores.
Em uma visita a Santa Luzia, o imperador D. Pedro II passou pelo Solar da Baronesa, casarão localizado na Rua Direita. A visita foi registrada em um desenho feito por ele, retratando o centro histórico. A gravura foi a prova histórica que concedeu a Santa Luzia o título de Cidade Imperial.
A inauguração da Estação Santa Luzia, ainda com o nome de Estação Rio das Velhas, acabou decretando o fim da utilização do Rio das Velhas como hidrovia. A Estação pertencia à linha da Estrada de Ferro Central do Brasil (EFCB), que pretendia ligar a então capital do Brasil, o Rio de Janeiro, ao norte, passando por Minas Gerais. Passou a ser popularmente chamada pelos moradores como “Estaçãozinha”.
A Estação Capitão Eduardo foi inaugurada em 1912. A construção original desse período foi demolida, a que pode ser vista hoje é uma edificação característica das décadas de 1950 e 1960. Até o ano de 2003, a Estação apresentava o marrom característico da CVRD – Companhia Vale do Rio Doce. Posteriormente, chegou a ser pintada no azul da RFFSA – Rede Ferroviária Federal S/A. Atualmente, abriga um escritório de operações da VLI Logística.
A Estação Ribeirão da Mata se localizava na zona rural de Santa Luzia. Atualmente a região compreende a zona de expansão urbana do município, próximo ao limite com a cidade de Vespasiano. Passados pouco mais de 70 anos, desde a sua inauguração, a Estação Ribeirão da Mata estava em estado precário. Em 1989 a RFFSA – Rede Ferroviária Federal S/A, que administrava a linha no período, optou por sua demolição. Hoje restam no local apenas vestígios dos trilhos e ruínas da plataforma de embarque.
Uma locomotiva descarrilou ao entrar no pátio de manobras de Santa Luzia, por ter quebrado o eixo de um dos vagões. O acidente feriu o guarda-freios chamado E. Baptista Carvalho e repercutiu na imprensa que circulava à época.
A abertura do distrito industrial inaugurou uma fase importante na história econômica de Santa Luzia, afetando diretamente as prioridades no transporte ferroviário na cidade. Na década de 1950, o município foi escolhido pelo governo estadual de Juscelino Kubitschek para abrigar o Frigorífico Minas Gerais S/A (Frimisa). Além da facilidade de chegada dos animais para o abate, por meio da malha ferroviária, a escolha se deu pela proximidade de Santa Luzia com um grande mercado consumidor: Belo Horizonte e Região Metropolitana.
A implantação do Frimisa se deu juntamente com a ampliação da ferrovia na direção do distrito industrial de Carreira Comprida, onde a Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA) operou a estação do mesmo nome, especialmente a partir da década de 1960. A arquitetura modernista da estação acompanhava o estilo de todas as construções do complexo frigorífico.
A RFFSA era uma companhia de economia mista, que contava com capital privado e administração indireta do Governo Federal. Ela incorporou a Estrada de Ferro Central do Brasil (EFCB), a partir dos planos do então Presidente Juscelino Kubitschek de ampliar o transporte ferroviário no país. Formada por 18 ferrovias regionais, chegou a totalizar 22 mil km de extensão em linhas férreas. Em 1992, iniciou-se seu processo de desestatização e a transferência de seus ativos para o setor privado. Sua extinção ocorreu, oficialmente em 1999. Parte dos ativos foram arrendados para a Ferrovia Centro Atlântica (FCA) e, posteriormente, para a atual concessionária do trecho, VLI Logística.
Em 1989, a Prefeitura Municipal de Santa Luzia, por meio do Decreto Nº 772, realizou o tombamento de diversos imóveis de reconhecido valor histórico, cultural e artístico para a cidade. Entre eles, a Estação Ferroviária. No ano seguinte, a Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA) concedeu à Prefeitura a permissão para instalar um centro cultural no conjunto composto pela estação e armazém. A inauguração do centro cultural ocorreu em 1991, após articulação da Associação Cultural Comunitária de Santa Luzia.
Um incêndio de grande proporção atingiu a Estaçãozinha e danificou seu telhado. Após as obras de restauração, a estação permaneceu fechada até 2024, quando foi novamente aberta à comunidade, com a inauguração do Programa Estação de Memórias.
A Estação Ferroviária Santa Luzia recebe o Programa Estação de Memórias, com sua exposição permanente instalada no salão principal da estação, construída em 1893.
