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Um dos principais objetivos da EFOM era interligar, por ferrovia, o Rio de Janeiro ao Oeste Mineiro e à região de Goiás, grandes produtoras agropecuárias e, assim, facilitar o comércio de abastecimento da então capital do Brasil. A EFOM foi a primeira companhia férrea situada em Minas Gerais e teve como sede principal a cidade de São João del-Rei. A inauguração do primeiro trecho foi realizada em 1881.
No final do século 19, a EFOM já contava com grande contingente de linhas interligando a região de Barra Mansa ao Oeste Mineiro. No entanto, diversas dificuldades financeiras e de infraestrutura impediram a companhia de manter alguns trechos sob sua administração. Em 1899, a EFOM passou por uma liquidação forçada e foi adquirida em 1903 pelo Governo Federal.
A linha férrea chega até Formiga sob a EFOM. A estação ferroviária é inaugurada no dia 7 de dezembro de 1905. O objetivo inicial da companhia era que a linha chegasse até Goiás; foi realizado inclusive um estudo sobre o possível prolongamento do trecho Formiga-Arcos na época. Contudo, por questões financeiras, esse plano não se concretizou, e Formiga se tornou o ponto final da linha da EFOM em 1905.
Como a EFOM não teve condições de seguir a construção da linha até Goiás, uma outra companhia, a EFG (Estrada de Ferro de Goiás), ficou responsável por levar esse projeto adiante. Assim, em março de 1907, o ponto inicial da EFG – que até então era Araguari – foi alterado para Formiga por meio de decreto federal. O grande interesse da companhia era garantir o prolongamento dos trilhos já construídos da EFOM, de forma que fossem possíveis as conexões até Cuiabá e com os ramais para o Rio Araguaia, a parte navegável do Rio Tocantins e a cidade de Uberaba.
O primeiro trecho da Estrada de Ferro Goiás em conexão com a EFOM foi solenemente inaugurado com a presença do Secretário do Interior mineiro, Manoel Britto. Assim, Formiga, que já era importante cidade de Minas Gerais, passou também a ganhar importância para a ferrovia, conectando a EFOM e a EFG.
Inaugurada em dezembro, um dos principais responsáveis por essa aquisição foi o engenheiro Dr. João Teixeira Soares, um formiguense de grande importância na história ferroviária brasileira.
Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a EFG enfrentava diversos problemas, como falta de materiais e salários atrasados; por isso, teve suas obras paralisadas. Os trabalhos foram retomados em 1917, porém, já era quase impossível a EFG manter e recuperar sua malha ferroviária. Em 1920, o trecho de Formiga a Patrocínio, considerado o “ponto mais conveniente”, foi adquirido pelo Governo Federal e anexado à Oeste de Minas por meio de decreto em janeiro daquele ano. Assim, a EFOM se tornou a maior companhia ferroviária em Minas, com 1 806 km de extensão. Os funcionários da EFG também foram incorporados pela EFOM.
Em 1929, Formiga foi designada como ponto inicial da Estrada de Ferro Sudoeste, que ligaria a E.F Oeste de Minas à E.F. Mogiana, em Passos. No entanto, devido à crise econômica mundial de 1929, essa construção acabou sendo adiada e, depois, cancelada.
Ainda em 1929, no dia 11 de outubro, teve início a construção do trecho Formiga-Itapecerica, pela EFOM – projeto esse que estava nos planos da companhia desde 1921. O trecho daria acesso direto de Formiga à Belo Horizonte, o que era muito esperado pelos moradores da cidade, mas que também nunca se concretizou.
A EFOM foi arrendada pelo estado de Minas Gerais em 19 de janeiro de 1931 que passou a compor a Rede Mineira de Viação (RMV), juntamente com a Estrada de Ferro Paracatu e a Rede de Viação Sul Mineira.
Em 1957, o governo Kubitschek criou a Rede Ferroviária Federal (RFFSA), que passou a controlar quase todas as ferrovias do país e incorporou, inclusive, a RMV.
O fim do transporte de passageiros aconteceu 12 anos após a determinação por parte do grupo executivo de Integração de Política de Transporte, ligado ao Governo Federal, de erradicação dos ramais ferroviários de transporte de passageiros.
A Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima, também conhecida como Refesa, foi desestatizada, dando início a uma nova empresa: a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA).
Depois de muitos anos desativados, o município de Formiga adquiriu os prédios da Estação Ferroviária de Formiga e da Casa do Engenheiro, que foram amplamente reformados pelo poder municipal. A estação passou a sediar a Secretaria Municipal de Educação e o Museu Municipal Francisco “Nhonho” Fonseca. Também foi instalado um vagão que passou a abrigar itens da memória ferroviária.
A casa se transformou no Centro Cultural Casa do Engenheiro e sede da Secretaria Municipal de Cultura. Três anos depois, a Casa se transformou no “Centro Cultural Claudinê Silva dos Santos”.
Projeto de memória envolveu pesquisas de história oral com moradores, ferroviários aposentados e seus familiares. Foi realizado pela Agência de Iniciativas Cidadãs, com patrocínio da VLI Logística, atual concessionária do trecho ferroviário.
