“Não tinha ninguém ferroviário na minha família. Lá em Três Lagoas a ferrovia passava dentro do meu bairro, Santa Luzia. Tinha a oficina, também. Então, ali, eu ouvi a sirene. A ferrovia ali já me pegou pelo coração.”
Milson da Silva, ferroviário, maquinista aposentado.
“A sirene eu conheço. Eles tinham parado de usar, mas a sirene é a hora que entra, que sai, na hora do almoço e à tarde. Quando fechou tudo, ela parou, mas o prefeito pediu para continuar. Hoje, todo dia toca. É o despertar dos ferroviários.”
Adélia Freitas, ferroviária, auxiliar de serviços médicos e odontológicos aposentada.
“Quando falece um ferroviário, ela toca. Toca três vezes para avisar. A cidade cresceu, e às vezes você está em um determinado lugar onde nem escuta mais. Antes, quando a cidade era pequena, todo mundo ouvia. Quando algum ferroviário falece, ela toca por cinco, dez minutos; as pessoas já começam a ligar para saber quem morreu.”
Jaime Ferreira, ferroviário, programador de logística aposentado.
“A sirene tocava nos horários de trabalho da oficina. Ela servia para avisar e para orientar as pessoas na cidade, também. E você a escuta em várias partes da cidade. É um relógio mesmo.”
Walter Eustáquio, policial ferroviário aposentado.
“Tinha o apito que determinava os horários de entrada, saída, almoço de funcionários. Isso norteava as pessoas na cidade. Eu me lembro de ouvir o apito 11h, intervalo do almoço. Todo mundo, mesmo não sendo da ferrovia, saía para almoçar. A ferrovia era o norte da cidade.”
Juscélia Abadia, historiadora.