No segundo eixo tratamos do processo de formação histórica de Alagoinhas, desde a ocupação colonial até sua elevação à categoria de freguesia e vila no século XIX. Destacamos a importância das lagoas e da “Fonte dos Padres” no povoamento inicial, o papel da ferrovia no deslocamento populacional e a construção inacabada da Igreja de Santo Antônio, que deu origem ao espaço conhecido como Alagoinhas Velha. Além disso, abordamos o surgimento da imprensa local como registro do cotidiano e da vida política.Evidencia-se, assim, como símbolos religiosos, políticos e culturais marcaram a identidade e a memória da cidade.
Colonização
O território onde se localiza Alagoinhas foi inicialmente explorado a partir das atividades agropastoris desenvolvidas pelo administrador colonial Garcia D’Ávila. A ocupação colonial prosseguiu por meio da criação de gado, do cultivo da terra e do uso intensivo dos recursos hídricos das diversas lagoas presentes na região. Dentre elas, a mais conhecida,nomeada como “Fonte dos Padres”, era especialmente atrativa aos religiosos que chegaram à região durante a colonização, devido à qualidade da água.Foi por volta do século 18, entre o processo de exploração, utilização dos recursos e a chegada dos padres portugueses,que se formou um povoado nesse território. O espaço passou a ser um ponto de circulação relevante para os tropeiros. Em 1816, devido à relevância da capela e ao desenvolvimento do povoado, o local foi elevado àFreguesia de Santo Antônio por determinação do Governo Geral português. Em razão de seu crescimento, foi elevado à categoria de vila em 1852, sendo oficialmente reconhecida como Vila de Santo Antônio D’Alagoinhas, em 2 de julho de 1853, com a instalação da Primeira Câmara de Alagoinhas.
A imprensa surge em Alagoinhas também no século 19, naquele momento, evidenciando o cotidiano do comércio e da vida colonial.
Jornal Noticiador Alagoinhense, edição publicada em 1864. O “Noticiador Alagoinhense” descortina os interesses sociais dos leitores, revelando os marcos da colonização portuguesa no território e as demandas da Vila naquele momento. Isso se exemplifica no trecho em que o jornal descreve as melhorias que devem ser feitas na cadeia, no comércio de Alagoinhas e também na segurança. Fonte: FIGAM
Acervo: FIGAM
Santo Antônio e a Igreja Inacabada
Em meados do século 19, coma emancipação política e religiosa de Alagoinhasem relação a Inhambupe e com a construção da ferrovia,o padre Silva Teleslevou ao governo imperiala necessidade de se construir a matriz de Santo Antônio de Alagoinhas.Apesar de toda a movimentação política regional para a construção, os altos custos da igreja interromperam o processo, fato comum nesse contexto.Contudo, a construção foiabandonada definitivamente.E com deslocamento populacional para as proximidades da primeira Estação Ferroviária de Alagoinhas, localizada a3 km de distância do entorno da igreja, esse espaço da Vila, antes movimentado, passou por um esvaziamento. Apesar de inacabada, a Igreja constitui um marco para Alagoinhas e evidencia a relevância do espaço naquele contexto histórico. A região onde ela foi erguida passou a ser conhecida como Alagoinhas Velha.
“Alagoinhas Velha era um lugar saudável, bonito, com tabuleiros, cheio de mangaba e de clima muito bom. Quando eu era menina, ainda tinha muita mangaba em Alagoinhas Velha, era uma área linda e com água de primeiríssima qualidade.” Relato de Iraci Gama, professora, pesquisadora e defensora da linha férrea em Alagoinhas.
Igreja Inacabada de Alagoinhas. Autoria: Totinha, 1980.
Acervo: FIGAM.
Igreja de Santo Antônio. Construída em 1870.
Autoria: Álbum da Bahia, 1930.
Acervo: FIGAM
Matriz de Santo Antônio em Alagoinhas. Imagem da Matriz após reforma que aconteceu entre 1935 e 1936.
Autoria: Borges, 1937.
Acervo: FIGAM.
Catedral de Santo Antônio. Construída na década de 1960, em frente à Matriz. Ao fundo, é possível ver a torre da Matriz de Santo Antônio.
Autoria: Totinha, 1968.
Acervo: FIGAM
Catedral de Santo Antônio de Alagoinhas. Autoria: Ely Silva em 2024.
Acervo: FIGAM.