Não perca o trem!
Os trens passavam por Cajuru em diversos horários, que mudaram ao longo dos anos. No entanto, algumas pessoas se lembram de pegar o trem noturno para ir a Belo Horizonte, de pegar o misto e descer em Angicos, entre outros.
~ 5h30: Trem noturno. Passava no horário ideal para ir à Belo Horizonte e chegar bem cedinho lá.
~7h: Trem misto. Muito utilizado para ir estudar ou dar aulas em Amoras, Angicos, Itaúna, entre outras cidades.
~ 11h: Trem sentido Divinópolis, para retornar das escolas de Amoras e Angicos a tempo de almoçar em casa.
~ 16h: Lá vem mais um trem.
~ 20h: Muitas pessoas o chamam de noturno também. Com sua chegada, as pessoas iam à estação para paquerar as moças e rapazes vindos de outras cidades, tornando-o uma grande atração.
“Eu tive o privilégio de viajar durante seis anos porque eu dava aula em Angicos, e a gente ia de trem. Depois fui estudar em Itaúna, e também a gente ia de trem.”
Maria Geralda de Souza Ramos, moradora de Carmo do Cajuru.
“Eu pegava o trem aqui, às 3h45, e chegava em Belo Horizonte, na estação, às 6h55.”
Pedro Paulo Maciel, morador de Carmo do Cajuru.
“Se não me engano, tinha um outro 23h00 ou 23h30, voltando de Divinópolis pra cá. Então, eu tinha um tempinho para namorar lá em Divinópolis.”
José Carlos Nogueira D’Alessandro, morador de Carmo do Cajuru.
“Eu gostava quando a gente vinha no noturno. Nele tinha um vagão restaurante. Aí vinha lá aqueles pratos gostosos. A gente comprava um prato e comia ali dentro do trem. O trem andando e a gente comendo.”
Cícero Nogueira Rocha, filho de Abílio Nogueira, ferroviário aposentado.
“Tudo era muito emocionante para a gente. E a primeira viagem mais longe que eu fiz foi para Belo Horizonte, em 1963, com o meu pai. O meu pai foi comprar um carroção; o fabricante era um italiano, e a fábrica dele era lá no bairro Carlos Prates. E eu fiz essa viagem no trem que passava às 5:30 da manhã, então para mim foi o máximo.”
Célio Antônio Cordeiro, morador de Carmo do Cajuru.
“Eu fui criada numa casa em que no fundo do quintal passava a linha de trem. Eu pegava esse trem pra ir e voltar todos os dias. Eu ouvia o apito dele na curva, e aí eu saía correndo da minha casa e conseguia pegar o trem. Teve uma vez que eu perdi, mas, geralmente, dava tempo.”
Sandra Bechelane Meireles, moradora de Carmo do Cajuru.
“Os horários do trem serviam de relógio, né? O trem das 10 era o horário em que minha mãe começava a fazer o almoço. O trem que passava 15:10 marcava o horário de largar o serviço. Era quando meu pai falava: ‘Gente, já é hora da gente largar o serviço e voltar para o curral de novo’. O da manhã passava às 5:30, e aí meu pai: ‘Tá na hora da gente levantar e coar o café pro pessoal ir trabalhar’. Então até isso ficou marcado na mente da gente.”
Célio Antônio Cordeiro, morador de Carmo do Cajuru.