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Desde sesmarias e grandes fazendas até se tornar um município, Cajuru passou por muitas transformações. No começo do século XIX, a região onde hoje é a cidade era conhecida como Povoado dos Teixeiras e ainda pertencia a Pitangui. Dentro dele, além dos herdeiros de João Teixeira Mendes, habitava na região Manoel Teixeira de Carvalho, em seu sítio; ele já morava na Barra do Empanturrado desde 1785.
O dono da sesmaria de Cajuru, Manoel Gomes Pinheiro, comprou os terrenos desse Povoado dos Teixeiras e conseguiu autorização para instalar uma capela pública, ou seja, quem morasse nas redondezas poderia utilizá-la livremente. A capela foi erguida no antigo distrito do Empanturrado, na encruzilhada da estrada que vinha da sede do distrito rumo a São Gonçalo do Pará e a Espírito Santo do Itapecerica.
Com a criação dessa capela pública, houve maior circulação e fixação de pessoas na região. Ela passou a receber mais fiéis após o fechamento da Capela Nossa Senhora das Dores do Empanturrado, que pertencia aos Teles de Meneses. Assim, a Igreja passou a ter um Cura – um residente para cuidar das atividades religiosas.
Naquele ano foi fundada a paróquia, e o povoado foi elevado a Freguesia de Nossa Senhora do Carmo do Cajuru. Agora, a região era uma divisão administrativa religiosa, algo que só ocorria com núcleos de povoamento organizados e que demonstrassem representatividade econômica ou política.
Esse cemitério foi o segundo do município; o primeiro ficava perto da antiga matriz e foi demolido junto com ela. O Cemitério do Bonfim recebe as procissões da tradição cultural de Encomendação das Almas, em que os fiéis fazem orações pelas almas no purgatório durante toda a Quaresma, em dias específicos. No último dia, a procissão começa na igreja, onde os participantes entoam o canto da misericórdia; depois caminham pelas ruas, parando em sete esquinas (que representam as sete dores de Maria), para tocar a matraca. Até os dias de hoje a procissão se encerra no Cemitério do Bonfim.
Muito vai e vem ocorreu: a freguesia ora era anexada a outra já existente, ora voltava a ter autonomia. No entanto, a região pertenceu a Pitangui até 1858, quando foi anexada a Vila do Pará (antiga Vila de Patafufo), atual Pará de Minas.
Idas e vindas também ocorreram por aqui; em determinado momento, voltamos a fazer parte de Pitangui… Depois voltamos a ser parte de Pará de Minas. Até que, em 1901, Itaúna se tornou um município, e fomos anexados a ele.
A passagem da Estrada de Ferro por Cajuru exigiu esforços de alguns moradores, pois o Decreto Federal de 1908, que autorizava estudos para uma linha férrea ligando Goiás a Belo Horizonte, não incluía nem Divinópolis, tampouco Cajuru. Em 1909, o trajeto foi alterado para incluir Divinópolis; porém, somente com o Decreto de 16/06/1910 a passagem da ferrovia por nosso distrito foi assegurada, quando foi aprovado o trecho entre Divinópolis e Itaúna. A linha foi inaugurada em 1º de julho de 1911, incluindo as estações de Cajuru, Angicos e Itaúna.
A construção começou em 1906, mas só terminou em 1912. O local escolhido era um pouco acima da antiga matriz demolida, mantendo a Igreja Nossa Senhora do Rosário como igreja principal até a construção da nova. Para a construção da nova matriz, o cemitério atrás da igreja antiga foi removido. Contudo, até pouco tempo atrás, durante a reforma da praça, ainda eram encontradas ossadas de pessoas enterradas no século XIX.
Políticos, industriais e membros da sociedade lideraram o movimento de emancipação, formando a Comissão Pró-Emancipação. Essa comissão elaborou o “Memorial” destacando o crescimento populacional e a economia robusta do distrito. Destacaram a relevância da ferrovia e estação para o comércio e desenvolvimento local. Os responsáveis por redigir o “Memorial” incluíram Antônio Nogueira de Souza, José Jehovah Guimarães, Amim Mattar, Vitor Epifânio Pereira, José Marra da Silva, José Demétrio Coelho (posteriormente, o primeiro prefeito), Otávio Djalma de Sá, José Luiz Passos, José Rodrigues de Carvalho e Ataliba Lago.
Após a organização do “Memorial”, a Comissão Pró-Emancipação entregou o documento ao governo do Estado, que enviou para cá a Comissão Técnica de Divisão Administrativa e Judiciária. O trabalho dessa comissão era avaliar as condições do distrito, verificar as informações apresentadas e, posteriormente, enviar um parecer à Assembleia Legislativa. A Comissão chegou em 2 de maio de 1948 e foi recebida com grande solenidade, quando foi apresentada uma exposição fotográfica sobre os pontos importantes da região. Depois de todo o processo, a Assembleia aprovou o pedido. Desde então, Cajuru só cresceu e se desenvolveu em todos os aspectos, mas preservou suas tradições culturais.
Com a melhoria das estradas na década de 1970, o trem começou a cair em desuso no país de modo geral. Cada vez mais utilizava-se o ônibus para ir de cidade em cidade e caminhões para transportar mercadorias. Até cerca de 1980, o município ainda recebia e escoava mercadorias pela estrada de ferro, algo que permaneceu na memória das pessoas que viram vagões e vagões transportando grãos, animais e até mesmo carros.
Da década de 1980 a cerca de 1996 (ano do arrendamento de parte da RFFSA pela Ferrovia Centro-Atlântica), a estação servia apenas para fiscalizar e organizar o cruzamento de trens. Aquela vida pulsante, com gente indo e vindo, ficara apenas na memória de quem viveu a época do trem de passageiros.
Com o passar dos anos, Cajuru cresceu muito! A cidade passou de um pequeno arraial para um município com 455 808 km² de território. A população é de cerca de 23 479 pessoas, segundo o Censo de 2021. Na cidade, há várias escolas, postos de saúde, comércio forte e crescente, com destaque para a produção de móveis, que são vendidos para todo o país. Além disso, existe grande diversidade cultural: vários eventos ocorrem ao longo do ano.
