Na ferrovia, os trabalhadores aproveitavam o lazer jogando futebol, pescando e ajudando a construir casas de colegas. Essas atividades fortaleciam a camaradagem e a solidariedade entre eles.
Pescaria
Pescar sempre foi uma atividade comum entre os trabalhadores da Estação Ferroviária de Carmo do Cajuru. Eles se reuniam com colegas para pescar nos dias de folga. Alguns também aproveitavam a pescaria para contribuir com a renda familiar, vendendo peixe para mercados da cidade e conseguindo um recurso extra. Um recurso precioso para a atividade era a chumbada e eles a conseguiam com a ajuda do guarda-chaves. Sabe como? Bem, os freios das máquinas, feitos de ferro, esquentavam muito devido ao atrito com os trilhos. Para evitar problemas de superaquecimento, colocava-se estopa e chumbo para amenizar o atrito. Com o tempo, o chumbo derretia e ficava armazenado em uma gavetinha na roda. O guarda-chaves, ao checar os freios, encontrava esse chumbo em forma líquida, então o guardava em um local até esfriar e depois o entregava aos seus colegas de pescaria, que assim faziam a chumbada para pescar no próximo fim de semana.
“Meu pai costumava passar até três dias pescando com os amigos em Furnas, Três Marias… Eles até construíram um rancho e canoas na barragem para onde iam. As famílias ficavam sem notícias, porque não tinha celular. Todos nós ficávamos ansiosos para que eles voltassem. Eles traziam muitos peixes, além de largos sorrisos. Era lindo ver a chegada de papai e seus verdadeiros amigos.”
Maria Silvânia Gonçalves de Almeida Ferreira, filha de Oswaldo Cândido de Almeida, ferroviário aposentado.
“Eu ia muito com meu pai e os amigos dele à beira da barragem quando era garoto. Saíamos todos a pé: o Tito, o José, o Seu Abílio, o Seu Oswaldo, o Pedro Celestino, o Queiroz… Aquela turma de pescadores com os filhos. Usávamos vara de bambu e tínhamos varas para cada espécie de peixe, sabe? Uma varinha menor para a piaba, uma maior para pegar um peixinho maior, como um piau, e havia a vara de traíra, que era maior. A gente conseguia pegar muitos peixes, e distribuíamos entre nós, colocávamos nas costas e íamos embora. Para todos eles, esse lazer era sagrado.”
Joaquim Viana de Camargos Filho, filho de Joaquim Viana, ferroviário aposentado.
Jogo da malha
O jogo de Malha é comum entre alguns ferroviários. Em algumas cidades costumavam jogar nos arredores das estações e oficinas, geralmente em algum corredor para simular a raia (que oficialmente deve medir 40 m x 1,30 m). Para jogar são necessários discos de aço ou ferro fundido, chamados de malhas, e pinos circulares de madeira. Cada equipe começa com oito jogadores, quatro em cada extremidade da raia; cada um tem direito a dois arremessos, quando a malha é jogada com o objetivo de acertar um pino posicionado no centro de um círculo no chão. Em Cajuru eles jogavam perto da estação, entre um barranco e a linha do trem. Antigamente o local não tinha o acabamento atual; com a Praça da Estação e o asfaltamento das ruas. Eles jogavam praticamente todas as tardes, sempre que havia tempo nos dias de serviço entre a chegada de uma máquina e outra. Diziam que as crianças iam acompanhar e tentavam imitar os adultos. Fizeram até um campinho menor, já que não tinham tanta força quanto os ferroviários.
“Havia um barranco de terra, não tinha o acabamento que tem hoje. Então, o pessoal ficava ali assistindo à partida do jogo de malha.”
Joaquim Viana de Camargos Filho, filho de Joaquim Viana, ferroviário aposentado.
“Os trabalhadores da ferrovia jogavam muito malha. É tipo um boliche. Jogavam ali pra frente, do lado ali da estação.”
Cícero Nogueira Rocha, filho de Abílio Nogueira, ferroviário aposentado.
Futebol
Os ferroviários da região jogavam futebol em alguns momentos; era uma diversão para eles. O time era composto por trabalhadores da ferrovia, mas quando não tinham um time completo incluíam seus filhos e alguns conhecidos. Eles jogavam contra times profissionais e amadores de outras cidades da região (Itaúna, Azurita, Divinópolis etc.). Era apenas um lazer porque nunca foi formalizado como time oficial – algumas cidades têm times profissionais que recebem nome de Ferroviário ou Ferroviários. Eles eram conhecidos como “o time da rede” ou “Grêmio Pedreira”, escalado com trabalhadores que moravam perto da Estação de Amoras. Algumas histórias contam que esse time dos ferroviários de Amoras/Carmo do Cajuru era temido, até mesmo, pelos maiores times de futebol da cidade.
Bater laje
Normalmente, quando um funcionário da Rede estava trabalhando na seção da ferrovia de Carmo do Cajuru já há algum tempo, ele considerava se estabelecer na região e adquiria um lote na cidade ou nos arredores para construir sua própria casa. No entanto, após gastar todo o dinheiro economizado na compra dos materiais, era com os colegas da ferrovia que contava para a mão de obra na construção da residência.
Muitas vezes os trabalhadores da estrada de ferro se uniam em seus dias de folga para ajudar nessas tarefas de carregar material de construção, subir uma parede, “bater” uma laje. Existia muito apoio entre eles nessas atividades fora das horas de serviço. Diziam que era uma festa quando isso acontecia, porque eles juntavam mais de 20 pessoas para tarefa e aproveitavam para fazer uma pequena confraternização.
“Quando a gente adquiria os lotes para construir nossas casas, sempre contávamos com a ajuda de nossos colegas da Rede. No dia de colocar a laje, por exemplo, juntavam-se mais de 20 amigos para ajudar. Era uma festa, você precisava ver! Todo mundo trabalhava satisfeito e rindo. A gente fazia, inclusive, uma brincadeira: a última lata de cimento a ser jogada na estrutura era do dono da casa. Então, a gente colocava uma pedra pesada no fundo dela, cobria com o cimento e ficava só aguardando ele tentar pegar a lata. Todos ríamos e nos divertíamos muito! Depois que acabava, fazíamos pão com molho, e tinha uma pinguinha para quem gostava…”
Antônio das Graças Moreira, conhecido como “Pernambuco”, ferroviário aposentado.
Truco
Uma atividade comum não apenas entre os trabalhadores da ferrovia, mas em todo o estado de Minas Gerais, é o jogo de truco. Geralmente jogado nos momentos de descanso, esse era um divertido passatempo para os trabalhadores, com animadas disputas de cartas regadas a risadas e rivalidades saudáveis. O truco é uma prática fácil de cultivar durante os intervalos, já que só é necessário um baralho simples e, no caso do truco mineiro, quatro pessoas.
Afetos em histórias
Aqui estão algumas das histórias mais marcantes que envolvem a ferrovia e as pessoas que trabalharam nela na cidade de Carmo do Cajuru
Vocês podem ouvir elas em nossa galeria de audios da exposição
O lobisomem
“Aurora conta que seu vizinho era um lobisomem. Na quaresma, toda sexta-feira, lá pelas 10 ou 11 horas da noite, ele sumia de casa. Ninguém sabia por onde ele andava; sempre que isso acontecia, aparecia um porco roncando no fundo do quintal da casa dele, deixando sua esposa muito intrigada. Um dia ela pegou um balde com água para jogar no dito porco, e ele saiu correndo. Logo em seguida seu marido apareceu, todo sem jeito. Desde esse dia, ele nunca mais saiu às sextas-feiras na quaresma, e o porco nunca mais apareceu.”
Relato de Aurora Nogueira registrado por Oswaldo Diomar no livro História de Carmo do Cajuru.
“A vovó costumava contar a história de um porco grande que aparecia na linha. Eu estudava à noite e sempre voltava tarde, por volta das 22h30, acompanhada por Dalva. No entanto, em determinado ponto, nos separávamos, e eu seguia sozinha. Nesse momento eu corria até chegar em casa, com medo de que o porco ou alguma assombração aparecesse.”
Samira Bechelane de Melo, moradora de Carmo do Cajuru.
“Lá pelos anos 1950, seu Ladico viu um animal perto da antiga cooperativa do Dico Mano, na Praça da Estação: um porco enorme, pintado de vermelho, que o seguiu pela rua Tiradentes até o bar do Jésus Leão – só que o tal porco parecia bem amigável e se sentou ao lado de Ladico quando ele resolveu descansar no passeio em frente ao bar. Seguiu-o até em casa, roncando à sua porta quando ele entrou. Ao correr lá fora para mandar o porco embora, ele havia desaparecido. Aí pensou: pronto, era o lobisomem!”
História colhida no livro de Oswaldo Diomar, intitulado História de Carmo do Cajuru.
Amor em fuga
Meu nome é Milton, mas todos aqui me conhecem como Faixa. As pessoas daqui também conhecem Maria Roza, minha grande paixão! Nós vivíamos em Marilândia, mas nosso amor enfrentava uma grande barreira: Raimundo, o pai de Maria, um homem muito severo, que se opunha ao nosso namoro. Ele era um homem com boas posses e não queria ver sua filha casada com alguém que não fosse de seu interesse. Por isso, mantínhamos nosso relacionamento em segredo; a única que sabia de tudo era a irmã de Maria. Ela conhecia bem o temperamento do pai e me disse um dia: “É, meu pai não deixa casar mesmo, não! Quem sabe cê rouba ela?”.
Eu cheguei a pedir ao escrivão de Marilândia para conversar com o pai de Roza, para que permitisse nosso casamento, mas ele negou e ainda me ameaçou.
Então, tomei coragem e perguntei à Roza se ela aceitaria fugir comigo. Sem hesitar, ela disse sim! Mas, me alertou: “Milton, nós temos que dar um jeito pra nos casar no civil”. Concordei e comecei a dar entrada nos papéis no cartório de Cajuru, pois conhecíamos muita gente em Divinópolis e poderíamos ser delatados.
Mas, havia um problema: para nos casarmos no civil precisávamos da assinatura do pai dela. Então, pensei: “Eu vou conversar com o delegado, né? Ele pode nos ajudar”.
O delegado ouviu nossa história e, de pronto, disse que levaria Raimundo até Cajuru para nosso casamento.
Marcamos o dia e a hora; Roza estava esperando por mim na saída de Marilândia, segurando sua sombrinha ao sol. Chegamos a Cajuru e aguardávamos, ansiosamente e com muito receio, pelo delegado que estava trazendo Raimundo.
Ao ver Maria Rosa a bronca foi certeira! Seu pai lhe disse: “Que boniteza, hein!”, ao que Rosa respondeu: “Muito obrigada. Eu tô muito bonita mesmo!”.
Foi com toda essa coragem e determinação por nosso amor que conseguimos nos casar e construir uma linda família cheia de amor!
História cedida por Milton Afonso Ribeiro, ferroviário aposentado, Maria Roza Barreto Ribeiro, moradora de Carmo do Cajuru e Rinaldo Ribeiro Barreto, filho mais velho do casal.
O fantasma da ferrovia
Certa noite, Artur do Clemente, morador de Amoras, voltava de Cajuru sozinho para sua casa pela estrada de ferro. Pouco acima de Cajuru (na antiga fazenda), viu um homem bem magro, vestido de branco, à sua frente. Pensou ter arrumado companhia para seu trajeto, então apertou o passo para alcançá-lo. De repente, o homem começou a crescer, crescer e não parava mais. Do nada desapareceu e sumiu lá na frente. Artur ficou aterrorizado, o cabelo todo arrepiado de tanto medo, e nunca mais passou sozinho pela estrada de ferro.
História colhida no livro de Oswaldo Diomar, intitulado História de Carmo do Cajuru.
Uma parada inesquecível
Quando o time do Cruzeiro era composto por craques como Raul, Tostão, Dirceu Lopes, Natal, e Piazza, houve uma partida em Uberaba. De lá, os jogadores voltariam de trem para Belo Horizonte. Por sorte, Cajuru fica no caminho! Pois bem: anunciaram que o time passaria por aqui. Isso gerou grande ansiedade tanto em cruzeirenses quanto em atleticanos, que estavam dispostos a ir à estação vaiar o time adversário.
Não demorou para que a plataforma da estação ficasse repleta de moradores, inquietos para dar as boas-vindas ao time. Nós não poderíamos perder esse evento, torcedores do time ou não, então corremos até a estação para ver os jogadores. Lá, recebemos diversas lembranças do clube, como réguas e cadernos. Foi tudo muito rápido, pois o trem expresso tinha pouco tempo para fazer a parada, mas foi tempo suficiente para um dos jogadores chegar à escadinha e acenar para nós. Todos os três vagões ocupados pelo time ficaram rodeados de pessoas.
Apesar da brevidade do encontro, a visita do Cruzeiro a Carmo do Cajuru foi uma festa inesquecível. Os torcedores se uniram, independentemente de suas cores clubísticas, para celebrar o amor pelo futebol e pela grandeza do esporte. Assim, naquela noite, Cajuru viu o futebol unir corações e transformar uma breve parada de trem em uma festa, que seria lembrada com carinho por muitos anos.
História cedida por Célio Antônio Cordeiro e Pedro Paulo Maciel, moradores de Carmo do Cajuru.
A conta do táxi
Quando ainda circulava o trem de passageiros, havia muitos bailes em Cajuru. Vários jovens de Divinópolis cruzavam a fronteira em busca de romance com as moças daqui, criando um clima de competição entre nós e eles. Numa noite, estávamos em um bar e chegaram vários rapazes de Divinópolis. Pronto! Estabeleceu-se um clima de tensão. Sabe-se lá o motivo mas, do nada, começou uma briga. A polícia interveio com a chegada do delegado Cirilo, que também era treinador do time de futebol Tupy, time no qual a gente jogava. Ao nos ver, o delegado ficou bravo, afinal, no outro dia a gente deveria estar em campo às 15h, mas estávamos na confusão às 2h da manhã. Então, ele resolveu prender todo mundo! Depois o delegado soltou os rapazes de Divinópolis, mas já era muito tarde, por volta das 3h, e não haveria trem tão cedo. Assim, Cirilo, para nos dar uma lição, falou que os rapazes deveriam pegar um táxi de volta a Divinópolis em vez de ficarem na prisão, e que nós deveríamos pagar a conta, já que os fizemos perder o trem.
O taxista levou um por um até suas casas, em bairros diferentes da cidade. Imaginem o tamanho da conta dessa corrida, hein!
História cedida por José Carlos Nogueira D’Alessandro e Ernane Reis Gonçalves, moradores de Carmo do Cajuru.
O milagre na curva de Angicos
Era dia 20 de janeiro de 1963, um domingo, até então normal. Meu pai, o Sr. Abílio, conhecido por ser guarda-chaves na estação de Angicos, minha mãe e eu, ainda um bebê, embarcamos no trem que seguia sentido Belo Horizonte. Este seria só mais um passeio de tantos pela ferrovia: passamos por Amora e Angicos sem percalços, mas em alta velocidade. Porém, logo depois da Estação de Angicos, em uma curva muito acentuada e conhecida pelos maquinistas, algo terrível aconteceu: o trem não conseguiu fazer a curva e tombou com uma violência assustadora. Nesse momento minha mãe soltou um grito que ecoou pelo vagão. Temendo pela minha vida e num gesto desesperado, ela me ergueu rapidamente e, sem pensar duas vezes, ela me jogou pela janela aberta, enquanto clamava: “Que Nossa Senhora Aparecida nos proteja”.
Por um milagre ela e meu pai não se machucaram; eu saí apenas com o nariz fraturado, pois o bati na janela quando fui lançado por ela. O que sei é que muitas pessoas não tiveram a mesma sorte que minha família naquele dia. Morreu muita gente naquele acidente. Assim, com apenas uma marca no nariz como lembrança, minha história pôde ter um prosseguimento.
História cedida por Cícero Nogueira Rocha, filho de Abílio Nogueira, ferroviário aposentado.
A chumbada de pesca
Em uma região próxima a Carmo do Cajuru, havia uma parte da linha férrea que apresentava desníveis acentuados, forçando muito o sistema de freio dos trens. Como o freio era feito de ferro, havia muito atrito e, para reduzi-lo, costumava-se colocar estopa e chumbo no sistema. O guarda-chaves realizava vistorias regulares e sempre encontrava estopas com chumbo derretido. Para nós, esses pedaços de chumbo eram como um tesouro, pois não tínhamos acesso fácil a esse material, essencial para nossas pescarias. O guarda-chaves, que também era pescador, compartilhava generosamente os pedaços de chumbo conosco. Para fazer a chumbada, aquecíamos uma colher de ferro no fogo, derretíamos o chumbo e o despejávamos em pequenos buracos que tínhamos preparado. Quando o chumbo esfriava, deixava um pequeno orifício, perfeito para passar a linha de pesca.
História cedida por Ernane Reis Gonçalves, morador de Carmo do Cajuru.
A explosão
Quase todos os dias, às 11h da manhã, bem na hora do almoço, ocorriam explosões na Pedreira de Amoras. No entanto, sempre que isso estava prestes a acontecer, todos os trabalhadores e moradores das proximidades recebiam o aviso para buscarem proteção. Em um dia de São Sebastião, houve um incidente envolvendo um fogo elétrico, que continha grande quantidade de dinamite. Cerca de 20 trabalhadores estavam no pátio naquele momento. Repentinamente, uma faísca surgiu e iniciou o fogo. Eu estava conversando e jogando malha com alguns colegas quando o Tio Rômulo exclamou: “Nossa senhora! Quem deu ordem para detonar o fogo ali?”. Respondi: “Ninguém”. Já imaginávamos o estrago que aquilo poderia causar, colocando em risco a vida de colegas. Por isso, corremos até o local para avisar a todos. Foi nesse momento que a explosão ocorreu, lançando pedras em todas as direções. Milagrosamente, nenhuma atingiu trabalhadores ou moradores da região.
História cedida por Moacir Celestino da Silva, ferroviário aposentado, encarregado da pedreira de Amoras.
Trilhos lançados longe
Outro grave acidente ocorreu em Angicos com um trem carregado de trilhos. Ao que parece, ele perdeu os freios, desceu o morro em grande velocidade e descarrilhou. Um graxeiro testemunhou o momento do acidente e imediatamente comunicou a situação às equipes da ferrovia. O impacto foi tão grande que os trilhos foram lançados longe, causando o rompimento da linha e fazendo com que as três máquinas da composição tombassem umas sobre as outras, resultando na trágica morte do maquinista. Para retirar o maquinista de dentro da máquina, cheia de ferragens retorcidas devido ao acidente, foram horas de esforço incansável. Somente por volta da meia-noite conseguiram finalmente retirá-lo de lá. As manobras de resgate foram complexas, pois os trilhos estavam entrelaçados, e a máquina, bastante retorcida, tornando a tarefa ainda mais difícil e demorada. Foram semanas de trabalho no local.
História cedida por Antônio das Graças Moreira, conhecido como “Pernambuco”, ferroviário aposentado.
Pranchas surfando sozinhas
Um acidente marcante na região aconteceu com pranchas carregadas de brita vindas da pedreira de Amoras. O problema surgiu durante uma manobra, quando o manobreiro perdeu o controle das pranchas ao soltá-las da máquina. Como não estavam presas à locomotiva, desceram em direção à sede do município em alta velocidade. As pessoas viram aquilo e acharam muito estranho, pois as pranchas estavam sem a “cabeça da máquina”, então pensaram: tem alguma coisa errada! Na altura da cooperativa de produtores, as pessoas ouviram um imenso barulho. Todos correram para ver o que tinha acontecido e, ao chegarem lá, se depararam com um grande estrago. As pranchas descarrilharam, bateram em um poste e tombaram. Foi um grande susto, mas ao menos ninguém se feriu.
História cedida por Moacir Celestino da Silva, ferroviário aposentado, e Célio Antônio Cordeiro, morador de Carmo do Cajuru