O telégrafo
O telégrafo era um dispositivo que chamava a atenção das pessoas. Elas se interessavam pelo som produzido, tinham curiosidade sobre o significado dos sons e admiravam o trabalho dos telegrafistas. Apesar de aparentemente simples, seu uso exigia considerável aprendizado e ouvido atento. Essa invenção desempenhou um papel crucial na história das comunicações e foi um instrumento fundamental para a comunicação na ferrovia. Por meio dele os agentes de estação instruíam os maquinistas, evitando acidentes. Ele funciona da seguinte forma: sua alavanca, ao ser apertada, envia mensagens por fios elétricos. No lugar aonde a mensagem chega, há outro aparelho que registra a mensagem em um papel. Essa mensagem é transformada em sinais elétricos, como pontos curtos e traços longos, seguindo o código Morse. Os pontos e traços representam letras e números. A pessoa que recebe olha o código e o traduz de volta para letras e números.
“Antes a gente recebia telegrama pela estação, pelo telégrafo. O seu Rômulo, que era o telegrafista na época, recebia a mensagem, traduzia aquilo e datilografava. Eram mensagens curtas, pois se pagava por letras.”
Edson de Souza Vilela, morador e prefeito de Carmo do Cajuru por três mandatos.
“Quem queria passar alguma mensagem precisava ir ali na estação, na portinha do outro lado, onde ficava o telégrafo. O valor cobrado era por letras: tantas letrinhas pagava tanto.”
Munir Guimarães Mansur, morador de Carmo do Cajuru.
“Minha mãe trabalhava numa casa do lado de cima da estação, e eu gostava de ficar lá na janelinha que dava para a praça. Eu ficava lá dependurada, olhando e escutando o barulho do telégrafo, mas a gente não entendia nada.”
Geovânia Nogueira de Oliveira Nazaré, filha de Paulo Nazaré, ferroviário aposentado.
“O telégrafo era muito difícil. Poucas pessoas conseguiam trabalhar nele. Eu até cheguei a aprender bastante, mas depois eu falei: ‘Ah, não vou mexer com isso mais, não’. O senhor Osvaldo era excelente telegrafista: ele escutava de cá e sabia o que falava a mensagem. Trabalhei com muitos agentes desse jeito, pegava tudo de ouvido.” – Devarlino Miguel dos Santos, ferroviário aposentado. “Papai era o elo de comunicação – papai e os Correios, né? Então pelo telégrafo ele comunicava nascimentos, mortes… Além disso, ele comunicava com as estações todas, pois eram interligadas pelo telégrafo.”
Maria Silvânia Gonçalves de Almeida Ferreira, filha de Oswaldo Cândido de Almeida, ferroviário aposentado.